Por Sérgio Ricardo, membro-fundador do Movimento Baía Viva na década de 1990
O Parque de Realengo 100% Verde está ameaçado pela especulação imobiliária, infelizmente com o aval e incentivo do prefeito carioca. O PL de autoria do prefeito Marcelo Crivella, enviado há poucos dias para a Câmara de Vereadores que tramita com pedido de votação em regime de urgência, há 15 dias tem entrado na pauta, mas tem mobilizado protestos de moradores da Zona Oeste e ecologistas que, semanalmente de terça a quinta-feira, tem estado presentes nas galerias da Câmara com suas faixas e cartazes.
Além disso, temos visto um grande número de protestos contra o PL nas redes sociais e a favor da criação do Parque na área arborizada de 14,5 hectares da antiga Fábrica de Cartucho de Realengo. Desde o ano passado, sem dispor de autorização legal, alguns imóveis de valor histórico, cultural e afetivo da população (como a caixa d’água e prédios antigos da fábrica) têm sido criminosamente demolidos: há poucos dias, em um domingo à noite, ocorreu um grande incêndio no terreno queimando diversas árvores, conforme registrado no Corpo de Bombeiros local.
O PL do prefeito pretende liberar a construção de 12 “espigões” (prédios com 1.200 apartamentos) de 12 andares cada favorecendo uma fundação privada. Ao invés de maior adensamento urbano e mais engarrafamentos neste que é o mais populoso bairro da região, os moradores querem mais qualidade de vida e saúde que podem ser proporcionados pela criação de uma área de lazer e recreação no local, ciclovia, reflorestamento, instalação de equipamentos para a prática de esportes por idosos e crianças, projetos de educação e ecoturismo que podem incrementar o comércio local gerando empregos.
O número do PL é 32/97 que autoriza a construção de espigões de 12 andares na área do Parque de Realengo 100% Verde. Por incrível que pareça, a cada nova mensagem com pedido de votação em regime de urgência enviada pelo Prefeito Crivella à Câmara de Vereadores, tem sido proposto pela atual prefeitura o aumento da altura ou gabaritos dos prédios: portanto, aumentando o adensamento urbano do bairro, o que, na prática, objetiva favorecer a lucratividade (maximização dos lucros) da especulação imobiliária. O extenso terreno da antiga Fábrica de Cartuchos de Realengo é de propriedade da União Federal e foi “repassada” sem uma justificativa legal transparente e de forma nada democrática (já que a população local não foi previamente ouvida) para uma fundação “habitacional” privada. Por que o prefeito tem tanta pressa em destruir, desmatar o Parque Ecológico de Realengo!? O motivo desta urgência, seria o calendário eleitoral de 2020 e os ilegais financiamentos milionários que as campanhas eleitorais movimentam a cada 2 anos?!
Também a Floresta do Camboatá no bairro de Deodoro está ameaçada pelo desmatamento de 200 mil árvores da Mata Atlântica para a construção de um autódromo. Os moradores e técnicos já indicaram a existência de várias outras áreas consideradas degradadas, cobertas por capim colonião, na própria Zona Oeste: no entanto, estas alternativas locacionais bem menos predatórias, infelizmente, até o momento, não foram consideradas ou levadas em conta pela prefeitura e investidores.
As florestas urbanas remanescentes tem grande importância para manter as condições climáticas agradável e amena, já que evitam a formação das “ilhas de calor” que adoecem as pessoas. Atualmente, a Mata Atlântica fluminense está reduzida a apenas 14% de sua cobertura florestal. A poluição do ar é uma das principais causas de mortes prematuras nas grandes cidades, como Rio e São Paulo. Por tudo isso, a cidade do Rio ao adotar um modelo de desenvolvimento predatório e uma economia cinza, ao incentivar a ampliação da verdadeira selva de pedras e cimento em que vivemos, tem caminhado na contramão da maioria das cidades do mundo que tem buscado enfrentar os efeitos das mudanças climáticas por meio de investimentos na sustentabilidade ambiental e na humanização dos espaços urbanos através da criação de mais áreas livres e parques públicos.
É lamentável constatar que o prefeito Crivella esteja seduzido pelo verde do vil metal (dinheiro) oriundo da especulação imobiliária (grandes construtoras e empreiteiras), ao invés de valorizar o verde, o ar puro e a rica biodiversidade existente na Floresta do Camboatá e no Parque ecológico de Realengo. Os vereadores cariocas precisam ter a responsabilidade civilizatória de num cenário de Emergência Climática global, não permitirem que com seus votos, o Rio de Janeiro que sediou a Eco 92 (1992) e a Rio+20 (2012), fique conhecida como a cidade que preferiu promover um “progresso predatório” do que proteger suas florestas urbanas”.
Sou morador de Realengo há 24 anos, espero que este terreno não vire esse PARQUE que esses senhores tanto querem.
Realengo já está super violento e perigoso. Se esse terreno virar um PARQUE, será o FIM DO BAIRRO.
Vai virar ponto de DROGAS, PROSTITUIÇÃO E ÁREA DE LAZER DOS CRACUDOS DA REGIÃO.
Antes dos vereadores e outras autoridades tomarem um posição, venham a Realengo pessoalmente e consulte aos VERDADEIROS MORADORES do bairro.
Que as autoridades não vá na onda destes oportunistas, que na hora que os problemas,que já não são poucos surgirem, serão os primeiros a SUMIR.