A Região Portuária do Rio se tornou a área com maior número de pedidos de licenciamentos para obras e construções na cidade, superando até mesmo a Barra da Tijuca, na Zona Oeste. A informação foi confirmada pelo vereador e presidente da Câmara do Rio, Carlo Caiado, durante o 3º Fórum de Soluções do Porto Maravilha, realizado no Novotel Porto Atlântico, no Santo Cristo.

Expansão e Investimentos

A Cury, líder no número de ocupações no Santo Cristo, com 11 projetos em andamento, sendo 9 totalmente vendidos, participou da penúltima mesa de discussão do fórum. O tema moradia foi amplamente debatido entre representantes de projetos e empreendimentos na região. Os investimentos municipais ultrapassam R$ 500 milhões, segundo o diretor-presidente da CCPar, que destacou a necessidade de se preparar para receber novos moradores. “O último censo registrou uma queda de 29 mil para 28 mil pessoas. Futuramente, podemos saltar para 45 mil com a abertura desses residenciais” afirmou.

Leonardo Mesquita, vice-presidente de negócios da Cury, ressaltou a infraestrutura da região portuária. “É difícil encontrar locais no Rio com a infraestrutura que temos aqui no Porto. O Porto virou uma grande oportunidade. Difícilmente você vai encontrar uma região central do país que tenha passado por essa reformulação sem ter que retrofitar como no Porto, permitindo que os crescimentos imobiliários se deem em larga escala pelos terrenos disponíveis, onde as construtoras possam construir do zero.”

A prática do “retrofit”, que consiste em modernizar prédios sem alterar sua estrutura original, tem se tornado cada vez mais comum. A estratégia permite que as construtoras ocupem e revitalizem edifícios em regiões consolidadas do Centro e da Zona Sul do Rio.

A Cury também se comprometeu com o replantio na região, em parceria com a CCPar, além da implementação de uma rede de ciclovias. Mesquita comentou sobre a integração entre antigos e novos moradores: “Ficamos tanto tempo tentando trazer a população para o Centro, agora vamos lidar na prática em tê-los aqui. O desafio é que a população local, muito ligada às raízes e à história do Rio de Janeiro, consiga se integrar com os novos moradores, que vêm de outros bairros. Será uma mistura.”

Os dados da construtora indicam que os principais compradores vêm de bairros como a Lapa, Copacabana, São Cristóvão e Glória. “A Cury foi entendendo as necessidades. À medida que as coisas foram acontecendo, as necessidades vão sendo atendidas. Temos 45 câmeras espalhadas pela região para monitoramento” acrescentou Mesquita. As câmeras instaladas são da startup de tecnologia Gabriel, amplamente utilizada no Centro do Rio.

Participação da Comunidade

Moradores da região, como a Taís e Pedro, do Morro do Pinto, participaram do fórum para entender como o bairro se comportará futuramente. Empreendedores locais, o casal acompanha atentamente as mudanças visando aumentar o capital. “Essa revitalização traz não apenas a construção de novas moradias e a atração de novos negócios, mas também o aumento do fluxo de pessoas e a geração de novas oportunidades econômicas. A presença de novos estabelecimentos comerciais e a realização de eventos culturais, como rodas de samba, ajudam a dinamizar a economia local e atraem visitantes” destacou Tais.

Ela ainda afirmou: “Com a melhoria das condições de vida e o aumento da visibilidade do bairro, há uma maior possibilidade de investimentos e parcerias que podem beneficiar os negócios locais. A perseverança da comunidade durante os altos e baixos contribuiu para preparar o terreno para essas mudanças. A revitalização oferece uma chance real de crescimento e prosperidade para o Morro do Pinto, fortalecendo a economia local e melhorando a qualidade de vida para os moradores.”

Desafios e Oportunidades

Claudio Castro, diretor da Sérgio Castro Imóveis, que possui uma filial no bairro da Gamboa, pontuou que muitos cariocas ainda não acreditam no potencial da região portuária. “A nossa cidade tem um problema grave de reputação. O Centro precisa rever essa reputação e mostrar suas melhorias. Óbvio que o Centro perdeu centralidade. Agora tudo é feito regionalmente, nos seus bairros, não precisam vir obrigatoriamente ao Centro. As pessoas vinham ao Saara para fazer compras, agora elas têm seus comércios locais.”

Castro destacou a venda de sucesso do Sal Rio, empreendimento que vai retrofitar um antigo prédio público na Pedra do Sal. O futuro residencial teve 90% das unidades vendidas em apenas cinco horas. “As pessoas preferem morar no Centro por conta do transporte. O resultado vem principalmente quando inaugurarem os primeiros prédios; aí vão surgir necessidades de veterinários, escolas, creches, padarias. É claro que o Centro vai suprir muitas dessas necessidades”. Ele também comentou sobre a mudança no movimento dos bares, que agora é maior aos sábados do que às sextas-feiras, como era anteriormente.