O metrô do Rio já possui a tarifa mais alta do país, e o preço deve subir ainda mais a partir de 12 de abril. No entanto, um estudo do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) indica que a passagem poderia ser até R$ 1,70 mais barata caso a concessionária e o governo estadual não tivessem alterado o critério de reajuste.
Até 2022, os reajustes eram calculados com base no IGP-M, um índice que subiu expressivamente durante a pandemia, acumulando alta de 42,62% entre 2020 e 2022. Já o IPCA, que mede a inflação oficial, registrou apenas 14,5% no mesmo período. Quando o IGP-M começou a cair, em 2023, a concessionária e o governo do estado decidiram substituí-lo pelo IPCA. Para o TCE, a mudança beneficiou a concessionária e elevou indevidamente o valor da tarifa.
Caso o IPCA tivesse sido adotado antes, no reajuste de 2021, a passagem hoje custaria R$ 5,80. Se o IGP-M tivesse sido mantido até agora, o preço seria de R$ 6,84. Em São Paulo, por exemplo, a tarifa custa R$ 4,90, enquanto em Fortaleza é de R$ 4,00 — quase a metade do valor que será praticado no Rio a partir de abril.
O estudo do TCE foi realizado após uma representação do deputado estadual Professor Josemar, do PSOL. O parlamentar criticou a política de reajustes, afirmando que há uma tentativa de inflacionar a tarifa para mantê-la elevada. Segundo ele, os índices apontam que o valor cobrado não condiz com a realidade e que a passagem deveria ser mais barata, além de destacar a falta de integração modal no sistema.
O que dizem governo e concessionária
O MetrôRio alegou que a mudança no índice foi uma decisão do governo do estado e que os reajustes seguem o contrato validado pela Agetransp. A concessionária também afirmou que a tarifa carioca é mais alta porque não recebe subsídios, ao contrário de sistemas como os de São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Recife, onde o governo cobre parte do custo da passagem.
Já o governo estadual declarou que, entre 2022 e 2024, concedeu um desconto de R$ 0,30 na passagem para minimizar o impacto do IGP-M. Além disso, argumentou que a troca para o IPCA evitou um aumento ainda maior, já que, nos últimos 12 meses, o IGP-M subiu mais do que o IPCA. O governo também disse que um novo contrato do sistema metroviário está em fase final de assinatura e prevê uma tarifa “mais justa e acessível”, incluindo subsídios com limites para reajustes.