Casa de ‘Ainda Estou Aqui’ está à venda por R$ 15 milhões; última moradora compartilha suas memórias

O DIÁRIO DO RIO teve uma conversa com a última moradora da casa que serviu de cenário para o filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles. A propriedade, situada em um endereço privilegiado da Urca, está agora disponível para um novo proprietário

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O bairro da Urca, por si só, já é uma verdadeira viagem no tempo. Destino badalado entre os jovens, que disputam espaço na mureta debruçada sobre a Baía de Guanabara, o local fica lotado aos finais de semana. No entanto, quem frequenta o bairro sabe que, apesar da movimentação, a Urca ainda mantém um clima que poucos bairros do Rio conseguem preservar — principalmente na Zona Sul. Majoritariamente residencial, com poucos prédios, o bairro ostenta o título de mais seguro da cidade, combinando tranquilidade e charme de uma época passada.

Em frente à famosa mureta, mais especificamente na esquina com a Rua Roquete Pinto — que leva à Pracinha Raul Guedes —, um imóvel se destaca e ficou famoso em todo o país após ser utilizado como locação no filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles e protagonizado por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro. Ambientado na década de 70, o filme usa como cenário a antiga residência da família Paiva, que, originalmente era localizada na Praia do Leblon e foi demolida no início dos anos 80 para dar lugar ao Edifício Saint Paul de Vence. Atualmente, não há mais residências localizadas na Delfim Moreira — a última também foi demolida (há pouquíssimo tempo, inclusive) para a dar espaço a um edifício de alto luxo.

Busca pela melhor locação

Durante o processo de pesquisa para as locações, a equipe do filme coletou diversas fotos da construção original do Leblon, detalhando a arquitetura e o estilo predominante do bairro no início dos anos 1970. Além disso, os familiares de Rubens Paiva, ex-morador da casa, enviaram imagens e até croquis feitos por uma das filhas do casal Paiva, Ana Lúcia, descrevendo a disposição da mobília e as cores das paredes. Daí deu início a uma verdadeira busca por imóveis na cidade. Atualmente, são poucos os bairros que ainda preservam esse tipo de arquitetura da classe média das décadas de 30 e 40. Entre as exceções estão o Grajaú, algumas partes da Tijuca, e o bairro da Urca.

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Hoje, a casa da Urca segue à venda para os apaixonados por arquitetura antiga, com uma vista deslumbrante do Pão de Açúcar, uma exclusividade que poucos podem ter. O proprietário pede R$ 15 milhões pela residência de dois andares, quatro quartos, 600 metros quadrados e piscina. Durante as filmagens, o imóvel passou por uma revitalização especial para dar vida ao ambiente retratado no filme. A última moradora da casa, a musicista Lívia Savini, se despediu do imóvel em 2022, meses antes dele ser alugado para as gravações do filme.

Antigos moradores se mudaram para Ipanema

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Lívia compartilhou com o DIÁRIO DO RIO o impacto emocional de ver sua antiga casa na tela grande. Ela e sua família viveram ali por três anos, entre 2019 e 2022, e foi nesse período que a casa se tornou um refúgio para momentos de alegria, mas também de dor, como o luto pela perda de seu avô para a Covid-19. “A casa já era maravilhosa, mas durante a pandemia, foi o melhor lugar possível. Espaçosa, acolhedora, com uma área externa incrível e uma vista linda para os barquinhos na Baía de Guanabara”, relatou Lívia.

Para ela, a experiência de assistir ao filme foi profundamente emocionante, principalmente pela cena da filha mais nova da protagonista, Maria Beatriz, olhando para a casa vazia. “Foi a cena mais tocante do filme para mim, porque estava carregada de minhas próprias memórias da casa vazia e do sentimento de despedida que tive quando me mudei”, contou.

A decisão de deixar a casa não foi fácil. “Tínhamos um contrato de aluguel, mas também queríamos comprá-la. No final, decidimos nos mudar para Ipanema, mas ficamos muito indecisos, pois a Urca foi um lugar onde construímos uma história de 10 anos. A casa significava muito para nós”, explica Lívia, lembrando que sua família se sentia profundamente conectada ao bairro.

Quando a musicista descobriu que a casa seria utilizada no filme, a surpresa foi grande. Durante as visitas à Urca, ela percebeu mudanças na casa, como pinturas envelhecidas e o fechamento das varandas, algo que a deixou intrigada. Foi só então que souberam que o cenário seria parte do projeto de Walter Salles. “Até ficamos um pouco revoltados, mas depois entendemos a importância da escolha para o filme”, contou.

Para Lívia, esse momento de revisitar suas memórias ao ver a casa no cinema também a fez refletir sobre como a arquitetura e os lugares que habitamos influenciam nossa vivência, nossa arte e nossas histórias. “É fascinante perceber como as construções, a música e o cinema estão entrelaçados. As memórias de um lar ficam eternamente conectadas a essas narrativas, e isso é algo que transcende o tempo”, conclui.

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