Igreja mais antiga do Centro abre para receber Dom Orani e a imagem peregrina de São Sebastião

Às 14h desta quarta, Dom Orani Tempesta celebra Ação de Graças ao Padroeiro do Rio de Janeiro na Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso. A Irmandade da Misericórdia só abre o templo em ocasiões especialíssimas. A Igreja fica no Largo da Misericórdia, junto ao Museu Histórico Nacional, no Centro do Rio

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Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso / Wikimedia Commons

Durante o mês de janeiro, a Arquidiocese do Rio de Janeiro realiza a Trezena de São Sebastião. Neste dia 15 – quarta feira – às 14h, será recebida a imagem peregrina do Santo Padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, na histórica Nossa Senhora do Bom Sucesso, da Santa Casa da Misericórdia. O Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani, fará a celebração, que terá coral e também gaiteiros e alabardeiros da Marinha do Brasil, em homenagem ao santo, que era militar. A histórica Igreja da Irmandade fundada pelo Padre Antônio Vieira, que fica no Largo da Misericórdia, s/n, no Centro, é a mais antiga da região central da capital fluminense.

O momento é memorável, pois a Santa Casa da Misericórdia, dona da edificação, reabrirá a belíssima e histórica Capela, para receber a também histórica imagem de São Sebastião, cujo traslado é parte da Trezena em honra ao Santo Padroeiro. A Santa Casa comemorou ano passado 442 anos com resultados positivos na sua luta para sair da crise, tendo anulado cobranças fraudulentas e recuperado propriedades sob a direção do Provedor Francisco Horta e sua equipe.

Caberá ao Cardeal Dom Orani Tempesta levar a imagem de São Sebastião à igreja que contém os altares e púlpitos da original Igreja dos Jesuítas do Morro do Castelo, bem como celebrar em Ação de Graças a São Sebastiao, às 14h, em companhia do capelão da Santa Casa, o Padre Marco Lázaro. A Santa Casa é uma irmandade histórica com cerca de 200 irmãos e comanda diversos hospitais, asilos e educandários.

A celebração contará com a participação de coral e orquestra, comandados pela cantora soprano Juliana Sucupira, que tua com muito sucesso na Igreja da Lapa dos Mercadores, na Rua do Ouvidor, aos finais de semana. O encontro religioso contará ainda com gaiteiros de fole e alabardeiros da Marinha do Brasil envergando os seus uniformes históricos. Na ocasião será cantada a histórica Marcha de São Sebastião. A igreja abrirá suas portas às 9 da manhã, mas a cerimônia ocorre às 14h.

A liturgia contará com a presença em peso da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, uma das mais tradicionais do Brasil e cujo provedor é o Dr. Francisco Horta; juiz aposentado e antológico ex-presidente do fluminense. Mas é aberta ao grande público que pode estacionar o carro no estacionamento rotativo que fica na rua Santa Luzia ou chegar direto pela porta da frente da Igreja no Largo da Misericórdia.

A Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso é uma grande pérola da Igreja Católica. A visitação à Igreja é uma grande oportunidade para cariocas e fluminenses conhecerem o templo, que data de 1582, e tem altares maneiristas. “A irmandade fica honrada em receber o padroeiro de nossa cidade como sinal da catolicidade do povo carioca, e se inspira no santo guerreiro em sua permanente luta para recuperar a instituição, sob a liderança do Dr. Horta”, conta o Mordomo dos Prédios da instituição, Cláudio André de Castro.

Para prestigiar o Santo Padroeiro, assim como a sua legião de devotos, a Irmandade da Santa Casa da Misericórdia abrirá novamente as portas de Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso, o que só acontece em datas especialíssimas.  A atual edificação guarda os altares da Igreja original erguida pelos Jesuítas no alto do Morro do Castelo. Está nos planos da Irmandade voltar a abrir a igreja diariamente no segundo semestre.

Ao DIÁRIO DO RIO, o Padre Marco Lázaro, capelão da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, explicou que a realização da Trezena de São Sebastião 2025 representa uma ação muito importante de evangelização da Santa Igreja, que visa a ampliar a sua presença na cidade, retomando de certa forma as tradições históricas das velhas procissões, algumas das quais eram organizadas pelas próprias irmandades.

“A Trezena de São Sebastião 2025 é um exercício pastoral arquidiocesano inaugurado pelo Cardeal Dom Orani no início do seu ministério à frente de Arquidiocese do Rio de Janeiro. Muito sensível à comunicação, além de um comunicador de massa, percebeu a importância de unir o Carisma do Padroeiro São Sebastião à vocação da cidade do Rio de Janeiro, que é um lugar de encontros entre pessoas e povos de todo o mundo, especialmente no fim e no início do ano. Diante disso, inseriu a festa do Santo Padroeiro no universo da Nova Evangelização, per meio do qual Dom Orani leva o sagrado aos lugares profanos, utilizando os atuais e diversos canais de comunicação contemporâneos, ampliando a presença da Igreja Católica pela cidade do Rio,” explicou o religioso ao jornal.

Como homem de comunicação, Dom Orani palmilha o legado dos Papas Bento XVI e Francisco que perceberam a importância de usar os atuais e diversos meios de comunicação para levar a mensagem de Cristo aos povos, o Cristo “no meio de nós”.

A Igreja Católica protagoniza uma presença missionária. Para dialogar com os nossos tempos, o Papa Bento XVI já havia elaborado uma modalidade de evangelização específica. O trabalho foi ampliado com a mensagem do Papa Francisco intitula como “Igreja em Saída“, que é a Igreja que vai ao encontro das pessoas e dos lugares”, explicou ainda Padre Marco Lázaro ao DIÁRIO, acrescentando que a realização da Trezena integra o movimento da Igreja rumo a pessoas e lugares diferentes, unindo o sagrado ao profano e ampliando a visibilidade do catolicismo, com o retorno das procissões.

“A Trezena de São Sebastião é a prática desse novo modelo de evangelização que dialoga com as necessidade e urgências do nosso tempo. Ou seja, trazendo a Festa de São de Sebastião, preservando o seu caráter tradicional, para conversar com a modernidade. A visitação da imagem do Santo à diferentes localidades produz uma energia evangelizadora, que toca o coração das pessoas. Isso é elevar o nome de Jesus Cristo e cumprir a vocação da Igreja Missionária.  A visita da imagem de São Sebastião à Santa Casa da Misericórdia concentra nesse cenário um relevo especial, pois a instituição é o lugar onde a história do Rio de Janeiro teve início”, finalizou o sacerdote em entrevista ao DIÁRIO DO RIO.

A tradicional Associação dos Dirigentes Cristão de Empresas (ADCE) também se fará presente no evento, que contará com o presidente Elmair Neto, que fez o meio-de-campo para que o Santo Padroeiro recebesse honras militares na sua chegada ao evento, com a presença dos alabardeiros em uniformes históricos.

Devoção a são Sebastião no Rio de Janeiro

A devoção ao Padroeiro da cidade começa com a chegada dos primeiros colonizadores portugueses ao que veria a se tornar o Rio de Janeiro. Eles acreditavam que São Sebastião os protegia contra a peste, guerras, entre outros males.

A celebração do seu dia, 20 de janeiro, está ligada ao martírio de Sebastião. No dia citado do ano de 287, dia dedicado à adoração do imperador Diocleciano, que perseguia os cristãos, Sebastião, cheio do Espírito Santo, confrontou o imperador e reprovou-lhe a crueldade contra os devotos de Cristo.

Diocleciano ficou furioso e mandou que os soldados romanos açoitassem Sebastião até a morte. O martírio deu início ao ao culto por conta da sua força, destemor e dedicação à Palavra de Jesus Cristo. Tal fervor foi trazido para o Brasil pelos colonizadores portugueses, que o viam como protetor das grandes desgraças, especialmente às relacionadas às viagens marítimas, cravejadas de riscos e doenças.  

Nascido nascido em Milão, Itália, Sebastião era órfão de pai e foi educado na religião cristã por sua mãe. Em Roma, abraçou a carreira militar, sendo admitido na guarda pretoriana, responsável pela segurança do imperador. Com isso, Sebastião queria ajudar os irmãos de fé, perseguidos e encarcerados.

Em 284, Diocleciano chegou ao poder para defender as fronteiras do Império Romano contra os povos da Europa central e oriental. A anarquia e a corrupção dominavam as repartições públicas, e a religião oficial era desrespeitada.

Visando à unificação religiosa, Diocleciano esforçou-se para restabelecer a ordem, tendo como um dos focos submeter os cristãos à adoração aos deuses romanos. Com isso, deu início a 13 anos de uma sangrenta perseguição contra os seguidores de Cristo, aprisionados, julgados e mortos cruelmente.

Sebastião, no entanto, manteve-se firme em sua fé, dedicando-se ao conforto de prisioneiros, amparo aos pobres e à pregação do evangelho, sobretudo nas prisões e catacumbas.

Com agudização dos conflitos, Sebastião percebeu que se aproximava o momento de dar testemunho da sua fé, com o seu martírio. Diante do tribunal do govenador de Roma, após uma denúncia de traição, ele se declarou cristão e denunciou as injustiças praticadas contra os seus companheiros de fé.

Diocleciano tentou fazê-lo abjurar o cristianismo, sem sucesso. O imperador, então, o condenou a morrer a flechadas pelas mãos dos hábeis arqueiros, amarrado numa árvore. Ao final dos ataques, o seu corpo foi recolhido pelos cristãos que perceberam que Sebastião estava vivo.

Tratado, voltou a andar, mas não sobreviveu à pena de severos açoites imposta pelo imperador romano, vindo a falecer em 20 de janeiro de ano 287.

Com a morte de Diocleciano, o imperador Constantino concedeu liberdade de culto a todos os cristãos, no ano 313.

image 10 Igreja mais antiga do Centro abre para receber Dom Orani e a imagem peregrina de São Sebastião

Serviço:

Celebração de São Sebastião na Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso com Coral, Orquestra e Gaiteiros

Data: 15 de janeiro, quarta-feira, às 14h.

(A igreja abrirá suas portas às 9 da manhã)

Celebrante: Cardeal Dom Orani Tempesta, acompanhado pelo capelão da Santa Casa, Padre Marco Lázaro.

Endereço:

A Igreja Nossa Senhora do Bom Sucesso fica no Largo da Misericórdia, junto ao museu Histórico Nacional, no Centro do Rio.

A Igreja conta com um estacionamento rotativo para mais de 200 automóveis, na Rua Santa Luzia, 206.

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1 COMENTÁRIO

  1. A DECADÊNCIA EPISCOPAL DO CATOLICISMO

    Templos que nos valham têm que estar de portas abertas permanentemente para a igreja, que são seus fiéis, e não somente para seus clérigos.

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