Estou em uma fase de comida francesa, mas o Rio tem pouquíssimas alternativas deste tipo de cozinha e quando tem são caríssimas e inviáveis. Então fiquei muito feliz quando meu grande amigo, Rafael Perszel, falou de uma casa que nunca tinha ouvido falar no Centro do Rio e com preço convidativo, o L’Atelier du Cuisinier, na R. Teófilo Otoni, 97, quase na esquina com a Rio Branco, onde tem a Livraria da Travessa. Bem, posso não ter ouvido falar mas é um dos Tops restaurantes no Trip Advisor.
Mas a rua meio que assusta, parece que não tem nada, como fui andando do Porto para lá perguntei várias vezes se estávamos no lugar certo, e sim, estávamos. Quando você entra já se esquece que está no Rio e que entrou em um bistrô em Paris e assusta escutar o garçom te perguntar se tem reserva, como assim, isso aqui é Brasil! Não fizemos, mas felizmente éramos apenas dois e tinha lugar… Demos sorte, são apenas 24 lugares por serviço e o lugar está sempre lotado.
O staff é pequeno, afinal, é para ser exclusivo mesmo, mas o atendimento é de excelência com seus únicos dois garçons que estão sempre presentes. O capitão da equipe é o chef francês David Jobert, que já trabalhou na França, em Mônaco, na Alemanha, no Líbano e no Catar. e treina a equipe brasileira no renomado concurso de culinária Bocuse D’Or (prestigiosa competição mundial de alta gastronomia). Ele também já comandou a cozinha dos Hotéis Intercontinental no Rio e em SP.
O cardápio? Bem, é o que tem no dia! Isso mesmo, não é um cardápio fechadinho, afinal, quem preza pela excelência não pode depender se um mesmo produto estará ótimo em todos os dias do ano. Por isso o cardápio tem peixe do dia (R$ 58), carne ou ave do dia (R$ 58), risoto do dia (R$ 42 simples, R$ 49 cominado) e sobremesa do dia (R$ 19). Mas como não é o tipo de lugar que se vai todos os dias, fica o conselho de pedir o Menu de L´Atelier (R$ 116) em que o chef criará um menu exclusivo para você.
No dia que fui começou o menu começou com uma deliciosa sopa de tomate, bem condimentada e na temperatura certa para o calor. Devo dizer que se não tivesse deixado na mão do Chef nunca teria escolhido isso como entrada, afinal, para mim tomate era para fazer molho e olhe lá. Foi bom descobrir que estava muitíssimo enganado.
Outro prato que nunca pediria como salada, com molho de romã e vários outros ingredientes que não consegui decorar o nome, além claro do presunto de parma e da copa. Gostei bastante, mas menos que meu amigo que enviou o prato limpo para a cozinha após terminá-lo como um bom francês, com o pãozinho com o que sobrou de molho. Aqui um detalhe, nas outras mesas a casquinha era com camarão, como sou alérgico já tinha avisado desta restrição ao garçom que repassou ao chef (sempre tenha esse cuidado neste tipo de pedido, avise suas restrições alimentares).
Como não posso crustáceos, o chef substituiu um belo salmão fresco com marisco e molho de crustáceo, por esse delicioso risoto trufado com linguiça de cordeiro. Eu que até outro dia não suportava risoto e não sou grande fã de linguiças, imitei o amigo e entreguei o prato limpíssimo. Inclusive ao final do serviço o chef veio conversar comigo sobre o fato, fiquei com um misto de orgulho e vergonha.
Já no prato com carne, um steak com molho bourguignon, cogumelos paris e vagens francesas. Eu que já estava além do satisfeito, pronto para a sobremesa e pedir a conta, encarei este desafio. Ainda melhor que o risoto, o que me parecia impossível. Vale ressaltar, que o risoto acompanharia este prato, se não fosse a troca por minhas restrições. Outro prato que merece toneladas de pão para limpar o molho.
A sobremesa, AH a sobremesa! Esta merece um capítulo a parte, veja a foto! Viu? Preciso descrever? Um sorvete de tangerina, com Crème brûlée tradicional, outro com café, goiabada, doce de leite e um cálice de vinho branco de colheita tardia. Aqui o chef mostra sua genialidade ao conseguir harmonizar tantos sabores diferentes.
A conta, como pode ver, não é das mais altas para um restaurante com este nível de qualidade, Pouco mais de R$ 150 por pessoa está longe de ser um exagero e, digo, é até barato pelo tanto que nos entrega, seja no verdadeiro prazer em comer como na viagem para Paris em pleno Rio de Janeiro.
Quem fica até o fim do serviço ainda pode aproveitar conversar um pouco com o chef que passa de mesa em mesa. E aqueles que não podem almoçar no Centro, Jobert também tem uma casa em Ipanema, na Henrique Dumont, 71, que funciona a noite e nos fins de semana.
Serviço
L’Atelier du Cuisinier
Rua Teófilo Otoni, 97 – Centro
Telefone para reservas: 21 2529-1937
Horário de funcionamento: Segunda a sexta, a partir das 12h até às 14h30