Garrincha: O Gênio Que Encantou o Mundo Faria 91 Anos

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No dia 18 de outubro de 2024, o Brasil celebraria o aniversário de 91 anos de um dos maiores gênios do futebol mundial, Manoel Francisco dos Santos, mais conhecido como Garrincha. Ídolo máximo do Botafogo e uma lenda da Seleção Brasileira, Garrincha não foi apenas um craque, mas um símbolo de alegria e irreverência nos campos, levando multidões a vibrarem com seus dribles e jogadas inesquecíveis. Seu legado é eterno, e suas histórias continuam inspirando gerações de apaixonados pelo futebol.

Para mim, Garrincha tem um significado especial. Foi ouvindo os gols desse gênio que me tornei botafoguense. A magia que ele proporcionava nos campos chegava até mim pelos rádios, e minha mãe sempre se lembra de como eu, ainda pequeno, gritava: “Gol do Galincha”, com “L”, sem entender completamente que aquele nome já era parte da história imortal do futebol. Mas, mesmo com essa pronúncia infantil, já sentia o poder de Garrincha em cada jogada que me fazia vibrar e sonhar.

 Garrincha, nascido em Pau Grande, no estado do Rio de Janeiro, teve uma infância difícil, marcada pela pobreza e por problemas físicos que, paradoxalmente, contribuíram para transformá-lo em um jogador único. Suas pernas tortas, que poderiam ter sido um obstáculo, se tornaram uma de suas maiores características, confundindo adversários com dribles desconcertantes e movimentos imprevisíveis. Foi assim que ele conquistou o mundo, levando o Botafogo e a Seleção Brasileira a triunfos inesquecíveis.

 Sua estreia no Botafogo aconteceu em 1953, e logo ele se transformou em um dos maiores ídolos da história do clube. No entanto, sua entrada no clube poderia ter tomado outro rumo, não fosse por uma figura igualmente lendária: Nilton Santos, conhecido como a “Enciclopédia do Futebol”. Nilton foi o responsável por avaliar Garrincha durante um treino no Botafogo e, apesar de ter sido driblado várias vezes por aquele jovem irreverente, teve a humildade de reconhecer o talento nato do rapaz. Conta a história que, após ser superado por Garrincha, Nilton Santos foi direto aos dirigentes do clube e disse: “É melhor ele jogar no nosso time do que contra nós!”. E assim, Garrincha foi incorporado ao elenco do Botafogo.

 Essa decisão foi crucial não apenas para a carreira de Garrincha, mas para o futebol brasileiro como um todo. Se Garrincha tivesse sido recusado, o futebol perderia uma de suas maiores lendas, e o Botafogo talvez não tivesse vivido os anos dourados que viveu na década de 1960, com Garrincha sendo o protagonista de tantas conquistas.

 Para muitos, Garrincha é o maior driblador da história do futebol. Sua capacidade de passar pelos adversários como se fossem apenas obstáculos insignificantes, com a bola colada nos pés e um sorriso no rosto, encantou fãs em todo o mundo. Mais do que um jogador talentoso, ele era uma figura que representava a essência do futebol brasileiro: alegre, ousado e criativo.

 No Botafogo, Garrincha é até hoje reverenciado como o maior de todos. Suas conquistas com o clube – incluindo títulos como o Campeonato Carioca – e suas atuações mágicas no Maracanã são lembradas com carinho e orgulho pelos torcedores. Seu nome está gravado para sempre na história do futebol carioca e brasileiro.

 Mas foi com a camisa da Seleção Brasileira que Garrincha alcançou o status de lenda imortal. Em 1958, na Copa do Mundo da Suécia, ele encantou o mundo com seu talento e foi peça fundamental na conquista do primeiro título mundial do Brasil. Quatro anos depois, na Copa do Chile, em 1962, com Pelé lesionado, foi Garrincha quem carregou o time nas costas e levou o Brasil ao bicampeonato mundial, sendo eleito o melhor jogador daquele torneio. Sua habilidade, aliada a uma alegria contagiante, fazia de Garrincha o verdadeiro “Anjo das Pernas Tortas”, que jogava com alma e coração.

 Hoje, ao relembrar Garrincha, a nostalgia toma conta de todos aqueles que tiveram a oportunidade de vê-lo jogar ou ouvir sobre suas façanhas, como eu, que me tornei botafoguense ouvindo os gols do “Galincha”. Para as novas gerações, ele é um exemplo de que o futebol pode ser jogado com alma, com alegria e com amor.

 Neste dia 18 de outubro, quando Garrincha completaria 91 anos, celebramos não apenas o jogador, mas o ser humano que trouxe felicidade a milhões de pessoas. A sua magia, que encantou o mundo e deu ao Brasil duas Copas do Mundo, continua viva nas memórias dos torcedores e nas histórias que contamos. E o Botafogo, assim como todos os brasileiros, continua eternamente grato ao Anjo das Pernas Tortas.

 Antes que me perguntem por que estou usando o dia 18 de outubro e não o dia 28 de outubro, explico a curiosa questão das datas. Assim como os seus dribles, Garrincha também deixou algumas histórias tortas no meio do caminho. Oficialmente, o registro de nascimento de Garrincha consta como 28 de outubro, mas a família sempre considerou que ele teria nascido no dia 18 de outubro. 

 E, curiosamente, essa situação me lembra a de minha própria mãe, que também tem uma história peculiar com as datas. Minha mãe nasceu no dia 18 de outubro de 1931, mas, por morar no interior de Portugal, seu registro oficial foi feito apenas no dia 28. Ambas as trajetórias marcam minha vida: a de Garrincha, a minha vida e a de tantos brasileiros que ele encantou; a de minha mãe, felizmente ainda viva, profundamente ligada à minha história pessoal.

 Logo, prefiro, assim como a família de Garrincha, considerar o dia 18 de outubro como o verdadeiro aniversário. É o dia em que o Anjo das Pernas Tortas realmente veio ao mundo, e o mesmo vale para minha mãe. Afinal, o que importa é a lembrança viva, e não a formalidade de um registro. Assim, para mim, a data de aniversário é 18 de outubro, e não 28, tanto para o Garrincha como para minha mãe.

Garrincha, o gênio, vive em cada drible que nos faz sorrir, em cada lembrança que nos faz amar ainda mais o futebol. E, como eu sempre dizia, quando criança: “Gol do Galincha!”

Por Antônio Sá

Fiscal de Rendas aposentado do Município do Rio de Janeiro. Ex-Subsecretário de Assuntos Legislativos e Parlamentares do Município do Rio de Janeiro. Bacharel em Direito e Economia.

 

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