Rio registra aumento de 30% nos aluguéis residenciais em 1 ano

Incertezas dos cenários político e econômico associadas à alta da Selic e das taxas do crédito imobiliário têm impulsionado o mercado de locação na cidade, além de mudança de perfil dos jovens

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Foto: Daniel Martins/DIÁRIO DO RIO

As incertezas dos cenários político e econômico associadas à alta da Selic (taxa básica de juros) e das taxas do crédito imobiliário têm interferido de forma significativa no mercado imobiliário do Rio de Janeiro que, em 2023, tem na locação a sua grande protagonista. As transações de compra e venda, que registraram um forte aquecimento nos últimos anos, têm registrado uma tendência de estabilização a recuo diante do quadro delineado.

Um levantamento realizado pelo Sindicato da Habitação do Rio de Janeiro (Secovi) verificou que, para locação, a oferta de imóveis é menor do que a demanda no mercado carioca, ocasionando uma grande tendência de valorização do metro quadrado (m²) dos imóveis residenciais. Segundo o Secovi, em setembro, o valor médio do m² residencial destinado à locação registrou um acréscimo de 30%, com o preço chegando a R$ 40,15; na comparação com o mesmo período do ano anterior, quando o m² custava R$ 31,06. Nos últimos 12 meses, a cidade registrou a existência de 145 mil unidades residenciais disponíveis para alugar. Nos bairros de Ipanema e Leblon, na Zona Sul da cidade, ultrapassou 50%.

Para Maurício Eiras, coordenador estatístico do Secovi Rio, a tendência de estabilidade do valor do m² para a venda é resultado de uma atitude mais cautelosa por parte dos possíveis compradores diante na instabilidade econômica e da alta da taxa de juros.

“Toda essa valorização se reflete na lei da oferta e demanda: se tem muita gente querendo o aluguel, eu vou valorizar o meu imóvel. Já na compra e venda, nossos dados demonstram um comportamento de forma estabilizada, com o m² estável ou até mesmo com uma pequena queda. As pessoas estão receosas e preferindo esperar para ver como vão ficar a economia e a taxa de juros antes da decisão de compra”, explicou Maurício Eiras, conforme reportou o jornal O DIA.

A alta da Selic e a restrição de crédito imobiliário também foram apontadas por Darlan Carlos de Souza, diretor do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci-RJ) como as vilãs para quem deseja comprar um imóvel, e as grandes impulsionadoras das transações de locação.

“Percebo esse movimento de alta da locação desde o fim do ano passado. Só este ano, já concretizei mais de 30 locações e estou sem imóvel para atender. Em termos percentuais podemos citar um aumento de 30%. O mercado hoje enfrenta uma escassez de mercadoria incrível, pois a demanda está muito superior à oferta. Estou com uma carteira para aluguéis que está praticamente zerada”, destacou Darlan, segundo o jornal.

Tal desequilíbrio, para Edison Parente, vice-presidente da Administradora Renascença, acaba prejudicando o mercado que, atualmente, registra mais candidatos a inquilinos que imóveis residenciais para alugar.

“O nosso estoque, por exemplo, que no ano passado chegava a 1 mil unidades, a maioria residencial, hoje está 30% abaixo. E a quantidade de locações reduziu pelo menos 10%. Ou seja, falta imóvel e sobra inquilino ou então o locatário não encontra a unidade ideal. E o reflexo disso é uma alta nos preços”, afirmou Edison Parente ao veículo, acrescentando que Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Jacarepaguá, Leopoldina e Ilha do Governador registraram uma disponibilidade reduzida de imóveis para alugar, caso contrário ao da Zona Sul da cidade, por ser uma região verticalizada.

“Já a Zona Sul continua ofertada porque é uma região verticalizada e tem muita unidade ainda. A nossa previsão é que esse cenário só mudará daqui a dois anos com a entrega de novos prédios e a chegada de novos investidores interessados na locação”, disse Parente ao jornal O DIA.

Wilton Alves, diretor de administração da imobiliária Sergio Castro Imóveis cita também uma mudança no perfil dos jovens como tendo grande influência na alta dos alugueis: “os jovens cada vez menos fincam raízes; eles gostam de experimentar morar aqui, depois lá; não são apegados a cimento e tijolo como seus pais e avós. Principalmente na Zona Sul e na Tijuca detectamos um grande movimento de pessoas que não têm qualquer desejo em ser donas de um imóvel”, conta, aparentemente perplexo. “Cada vez menos desejam imóveis com garagem, e poucos anos depois de se mudarem, muitos ligam pra empresa perguntando se temos outro apartamento parecido noutro bairro diferente”.

Com informações de O DIA

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