No Rio, exposição no CCBB aborda vida e obra do artista Antônio Roseno

Representante da arte bruta, exposição com curadoria de Geraldo Porto estará no Rio até 28 de outubro

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
'Bêbado', de Antonio Roseno de Lima, sem data, e o artista em foto publicada no 'Correio Popular Fotos: acervo do Centro de Memória da Unicamp

Na última quarta-feira (4), o Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB RJ) inaugurou a exposição A.R.L. Vida e Obra, do pintor e fotógrafo Antônio Roseno de Lima, que transformava lixo em arte. A mostra, que já passou por São Paulo, Belo Horizonte e Distrito Federal, ficará no Rio de Janeiro até 28 de outubro. Com classificação livre, a exposição pode ser visitada de quarta-feira a segunda-feira, das 9h às 20h.

Roseno era conhecido por sua arte bruta, termo criado por Jean Dubuffet para descrever a arte produzida fora das influências de estilos oficiais e imposições do mercado, muitas vezes utilizando materiais e técnicas inovadoras.

“Ele passou a fazer intervenções nas fotografias, a colorir e, depois, passou para as telas. Ele não tinha formação acadêmica nenhuma em artes, não tinha técnica nenhuma, mas começou, de livre e espontânea vontade, a expressar coisas do cotidiano a partir da arte. Tudo virava suporte da pintura: resto de lata de tinta, restos de cadeira. Tudo que ele pegava no lixo transformava em tela para poder pintar”, afirmou Amanda Grispin, produtora da exposição.

Dentre as mais de 90 obras que o público poderá conhecer no segundo andar do CCBB RJ, com curadoria do artista Geraldo Porto, está a série Presidentes. “Para ele, personalidades notáveis de diversos setores eram presidentes. Ele tirava das enciclopédias vários nomes de pessoas que não foram presidentes, de fato, do Brasil, mas que, para ele, representavam alguma coisa de notável. Um dos destaques foi Alberto Santos Dumont, o Pai da Aviação, por quem o artista tinha grande veneração. E também por voar. O sonho dele era voar”, comenta Grispin. A famosa frase de Roseno, “Eu queria ser um passarinho para conhecer o mundo inteiro”, estampa a exposição.

A mostra é dividida em duas partes: a primeira exibe as primeiras fotos de Roseno, e a segunda inclui a série Presidentes, pinturas de bêbados, mulheres e santas, recortes da cidade que ele também desenhava, além de flores, frutos e animais. Além disso, a exposição oferece três reproduções em 3D para facilitar a acessibilidade para pessoas com deficiência visual. Também há QR Codes nas fichas de identificação de todos os quadros, permitindo a audiodescrição.

Amanda Grispin ressalta como interessante na exposição as frases que Roseno reproduzia nos quadros. Ele sempre escrevia na parte de trás do quadro “Este desenho foi fundado em 1961”, data que considerava como o início de sua carreira artística como pintor e fotógrafo e coincidia com o curso de fotografia que fez com um pintor espanhol, em São Paulo. Colocava também bilhetinhos atrás dos quadros. Escritos com as mais diversas letras, esses bilhetes avisavam sobre os materiais, processo de criação, execução, conservação da pintura e aconselhavam: “Quem pegar esse desenho guarda com carinho. Pode lavar. Só não pode arranhar. Fica para filhos e netos. Tendo zelo, dura meio século.” Amanda afirmou que “vários dos quadros dele têm essas frases interessantes”.

Vale lembrar que, Geraldo Porto fez a curadoria da primeira exposição de Roseno na Galeria de Arte Contemporânea Casa Triângulo, em São Paulo, em 1991. Logo depois, uma televisão alemã fez uma matéria sobre Roseno, que foi veiculada em toda a Europa durante a Documenta de Kassel, uma das maiores exposições de arte contemporânea e moderna internacional, que ocorre a cada cinco anos na cidade de Kassel, na Alemanha.

O artista faleceu em 1998, quando boa parte de suas obras já estava em coleções no Brasil e no exterior. A parte que permaneceu com sua família em Campinas foi descartada pelos próprios familiares, que pediram que o caminhão da prefeitura jogasse os quadros fora.


Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
entrar grupo whatsapp No Rio, exposição no CCBB aborda vida e obra do artista Antônio Roseno
lapa dos mercadores 2024 No Rio, exposição no CCBB aborda vida e obra do artista Antônio Roseno

Comente

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui