O dia 16 de agosto ainda nem terminou, mas o governo já está espalhando por aí a informação de que não está preocupado, pois os protestos não teriam sido tão grandes ou representativos quanto se poderia imaginar. O discurso ensaiado do Palácio do Planalto afirma que as manifestações foram apenas demonstrações democráticas de insatisfação que não chegaram a ultrapassar o impacto das marchas realizadas em março.
Mas nada disso é inteiramente verdade. A cúpula petista sabe que, se os protestos foram menores que os de março, também foram maiores que os de abril. Sabe também que as críticas direcionadas a Dilma Rousseff e Lula e os elogios aos que podem retirar a Presidente do poder ou colocar o ex-Presidente na cadeia monopolizaram as mensagens dos manifestantes de forma que ainda não havia sido vista. O grande boneco inflável de Lula vestido de prisioneiro e os gritos de “Fora Dilma” em todo o país simbolizam que a população, embora continue querendo a melhora dos serviços públicos e o fim da corrupção, tem cada vez mais seus alvos bem definidos: Dilma, Lula e o PT.
Enquanto o Planalto estará tentando disfarçar qualquer tipo de apreensão, ministros irão se reunir para debater a crise política, moral, econômica e institucional que continua galopando e que não recuou nenhum milímetro após os protestos de hoje. Ao contrário, políticos de oposição foram aplaudidos nas ruas, os manifestantes canalizaram sua indignação em direção ao lulismo e o cenário se politiza e polariza cada vez mais.
A conclusão é uma só: Seja por renúncia, por cassação ou por impeachment, ainda existe boa chance de a Presidente não conseguir terminar o seu mandato e deixar, constitucionalmente, o poder. Sua popularidade segue rasteira, a economia segue piorando, a credibilidade do governo é quase nula e o 16 de agosto, se não foi gigantesco, também mostrou que o PT não terá trégua. Em suma, Dilma continua sob pressão.