2025: e lá se vai um quarto de século…

Guga Costa fala da revolução silenciosa nos hábitos, costumes e valores contemporâneos em ESG

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Réveillon 2025 - Palco Leme - Foto: Marco Terranova | Riotur

Parece que foi ontem o réveillon do novo milênio. Milhões de cariocas foram para Copacabana (me incluo nessa) e toda a orla aguardar a chegada de uma nova era.

Era de aquário, diziam os astrólogos, poetas e músicos. Muita esperança em torno de uma sociedade mais pacífica, diversa e menos consumista.

Este artigo dialogará com o passado, presente e futuro, pois assim é a vida. Tirar lições e prevenir novos erros, executar as ideias e boas práticas e planejar os destinos.

25 anos não são 25 dias.

Quando entramos no novo milênio, começávamos a levar a sério pautas que hoje são indispensáveis.

A expressão Environmental, Social and Governance – ESG teve origem neste período e veio para ficar: a sociedade civil aprendeu, no primeiro quarto de século, a não aceitar velhas práticas e a exigir novos padrões de comportamento em diferentes frentes: casa, família, mundo corporativo, ambiente de trabalho, órgãos públicos, instituições.

Muito se fala a respeito da revolução tecnológica. Avassaladora, implacável, arrebatadora. Tudo isso e mais um pouco.

Ocorre que, em paralelo, está acontecendo uma revolução silenciosa (se é que pode haver alguma) que diz respeito aos hábitos, costumes e valores contemporâneos: a preservação do meio ambiente (Environmental) passou a ser algo inegociável, cuja falta poderá acarretar na extinção da nossa espécie; diversidade, equidade e inclusão, assim como inúmeras questões sociais – luta pelos direitos humanos e proteção às minorias vulneráveis (Social) – mexeram de vez com costumes hipócritas e ultrapassados e, por fim, a governança das empresas, organizações e instituições foi fortalecida por meio de uma legislação eficiente, órgãos de controle e transparência (Governance).

Quem imagina o mundo corporativo hoje sem a tal da ESG? Empresas passaram por profundas transformações nas suas práticas: muitas foram varridas do mapa por fraudes contábeis, por enganarem seus acionistas e mentirem sobre seus produtos. Práticas como cartel, fraude em licitações e assédios – antes toleradas – passaram a ser duramente combatidas por meio de programas robustos de conformidade.

Ainda há muito a fazer, estamos apenas engatinhando em diversos conceitos e ideias que precisam ser urgentemente desenvolvidos em prol de uma sociedade mais justa, sustentável e fraternal. Mas os avanços são inquestionáveis.

Como aquariano (olha a nova era aí), vim com o chip do otimismo.

E, como carioca, melhor exemplo desse meu otimismo é a praia. Da mesma forma que fazíamos há 25 anos, demos os nossos sete pulos nas ondas, só que agora no Recreio dos Bandeirantes.

Nenhum sinal de lixo pela areia: vi famílias inteiras guardando os restos de comida, latas, garrafas e afins em sacos e conscientes de que fazer a nossa parte é o mínimo de uma educação básica.

Vi casais e famílias diversas, de todos os tipos, gêneros, raças e religiões.

Gerações diferentes se abraçavam e desejavam o bem entre si.

Há inúmeros problemas e desafios a superar, mas desde que Dom João VI foi picado por um carrapato e o seu médico lhe prescreveu banhos de mar na praia do Caju (alô alô prefeitura e iniciativa privada, que tal revitalizar a Casa de Banho de Dom João VI, patrimônio cultural do Rio de Janeiro?), a relação do carioca com o mar passou a ser de amor profundo: a praia é democrática, inclusiva e aberta a todos.

A minha feliz surpresa foi testemunhar, por meio deste pequeno exemplo, que uma consciência na direção do ESG começa a se tornar realidade.

Toda mudança cultural é lenta, verdade, e requer investimentos constantes em processos e recursos financeiros/humanos.

Outro bom exemplo foi a notícia de que houve sinais de melhoria da qualidade da água em praias como Flamengo, Urca e Botafogo. Assisti a uma reportagem sobre mergulho à noite junto à Marina da Glória não faz muito tempo.

O caminho ainda é árduo, não podemos nos iludir (desigualdade social, níveis de pobreza, segurança pública, educação – o rol é extenso…). Nosso papel de cidadão é fiscalizar, cobrar, empreender, exigir, votar e muito mais. Mesmo não sendo pouca coisa, é somente uma gota no oceano frente aos desafios.

E é por isso que precisamos ser agentes transformadores, e não apenas aliados de boas causas.

Que os próximos 25 anos confirmem as tendências e tragam um mundo melhor para as próximas gerações!

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