As bicicletinhas laranjas são vistas na cidade inteira há algum tempo. O sistema de aluguel público de bicicletas no Rio de Janeiro passou por dois lançamentos frustrados antes que finalmente conseguissem colocar de pé uma estrutura que atenda minimamente ao usuário. Uma das coisas que diferiu das primeiras tentativas é que o sistema passou a ser subsidiado por um grande banco.
Porém, apesar do sistema ganhar cada vez mais estações ainda há falhas graves que não recebem a devida atenção para que o sistema deixe de ser apenas uma opção eventual para se tornar um meio de transporte público confiável.
Não vou nem entrar na questão de infraestrutura ciclo viária (deficiente) e a falta de educação e outros entes do transito urbano para com os ciclistas (muito deficiente). O próprio Bike Rio tem falhas que impedem o seu uso. E algumas delas podem ser resolvidas com baixo custo e esforço. Vamos a algumas:
1: Estações inoperantes.
Não é incomum achar estações em manutenção ou off-line. E não apenas por um dia, mas por vezes durante mais de uma semana. Pior, não há indicativo físico nas estações que indique se ela está fora de operação. O que a principio pode não parecer um problema logo se transforma em um já que uma bicicleta devolvida numa estação inoperante não é registrada pelo sistema, e portanto o usuário fica com o passe bloqueado por dias ou até semanas. Claro, o usuário poderia (e deveria segundo a BikeRio) olhar no aplicativo se a estação está operando. Que certamente a maioria não o faz, não parece importar a eles, afinal o problema vai ser seu. Detalhe, o aplicativo é extremamente devagar.
2: O reparo das bicicletas depende basicamente de sorte.
Equipes rodam as estações e checam bike por bike por defeitos. O usuário, que sempre faz uma avaliação das magrelas antes de tirar a mesma da estação não tem qualquer canal para informar bicicletas com defeito ao sistema. Um simples canal de feedback através do qual se pudesse avaliar a corrida efetuada poderia minimizar esses problemas. Defeitos poderiam ser identificados antes mesmo de eles inutilizarem a bicicleta por completo e poderia se ter uma manutenção mais proativa.
3: Quando vão para o reparo demoram
Ainda sobre o reparo. As bicicletas são recolhidas para uma oficina para a realização do serviço. O que significa que cada uma delas estará inoperante por um longo período de tempo uma vez que precisa ser recolhida, reparada e reposta no sistema. Mecânica de bicicleta não é exatamente complicada. 95% dos problemas poderiam ser resolvidos “em campo” por alguns técnicos e uma maleta de ferramentas, evitando todo o tempo de indisponibilidade daquelas bicicletas.
4: Estações muito pequenas.
A estações tem geralmente 12 ou 14 posições. Mas basta olhar o aplicativo no final da tarde e se deparar com indisponibilidade crítica de bikes. Estações junto a meios de transporte como metrô ou estabelecimentos com muito transito de pessoas como Shoppings deveriam ter estações “de regulação” com uma quantidade muito superior de vagas (50 por exemplo).
Enfim, é bom que o sistema continue crescendo. Mas é preciso uma injeção de profissionalismo para que deixe de ser um acessório e uma opção eventual para que passe a ser parte do cotidiano da mobilidade urbana da nossa cidade.