60 anos de Saara: tradicional comércio de famílias árabes vem perdendo o espaço para os chineses

Em outubro, o Saara completa 60 anos de funcionamento e história. Porém, sua origem de povos sírios e libaneses, que criaram o pólo, vem sendo substituída pelos asiáticos com seus produtos importados e baratos

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Saara, no centro do Rio. | Foto: Rafa Pereira - Diário do Rio

No dia 5 de outubro deste ano, o famosíssimo mercadão do Saara, no Centro do Rio, comemora 60 anos de funcionamento e história. O nome completo é Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega (Saara), sigla que acabou sendo usada para identificar a região de comércio popular que, no fim do século XIX, passou a ser ocupada por cristãos, muçulmanos e judeus.

Composto por mais de 1.200 lojas, é considerado o maior shopping ao céu aberto do mundo. Com 12 ruas principais, em 2013 o lugar virou um pólo que vende de brinquedos a jóias, passando por roupas, tecidos, flores e utilidades para casa. E em junho, uma estação do metrô agregou seu nome e virou: Saara – Presidente Vargas.

Sua historia está ligada a imigração de povos sírios e libaneses que, em meados de 1890, foram obrigados a deixar seus países de origem para fugir dos terrores das guerras. Aqui no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro, esses imigrantes criaram o maior pólo de vendas da época e até hoje segue sendo um dos gigantes no mundo.

As vendas ambulantes passaram a ter um ponto fixo. Esses comerciantes sírios e turcos se instalaram na Rua da Alfândega. O local, em meados do século XX, não era dos mais agradáveis. Contudo, a insegurança e a sujeira do lugar foram dando espaço para as lojas, que, sobretudo, comercializavam tecidos e materiais para costura.

Em 1962, nasceu oficialmente o Saara: Sociedade de Amigos e Adjacências da Rua da Alfândega. Embora esses comerciantes já estivessem lá há décadas, ainda não havia essa organização formal.

A região do Saara vai, verticalmente, da Praça da República até a Rua dos Andradas e, horizontalmente, da Rua da Alfândega até a Rua Buenos Aires. Tudo isso com muita variedade e preço baixo.

Chineses na região

Em 2022, entretanto, algumas mudanças ocorreram no Saara. Antes, mais da metade dos comerciantes eram de imigrantes sírios e libaneses, atualmente, houve uma ‘troca’ e quem domina o comercio são os chineses, com seus produtos importados e baratos.

Segundo a direção da Saara explicou ao jornal O Globo, os asiáticos — de Taiwan, Hong Kong, e, mais recentemente, da China continental (a República Popular da China) — já são quase a metade dos lojistas do lugar. Os árabes, que chegaram a controlar 80% das lojas, hoje ocupam entre 30% e 40% delas. Comerciantes brasileiros também descobriram a região nas últimas décadas.

A pandemia fechou inúmeros negócios na região, mas o presidente da sociedade, Sérgio Obeid, disse ao O Globo que os chineses provavelmente irão reabrir os comércios na região.

“Como temos poucas lojas vazias nas ruas mais concorridas, a perspectiva é de os chineses passarem a alugar os imóveis fechados na Rua da Constituição, que perderam a freguesia com a inauguração do VLT. Mesmo a crise e a pandemia tendo nos afetado, a Saara é um oásis no Centro”, ressalta o presidente da sociedade, Sérgio Obeid.

A família de Chang Cherng, entrevistada pelo O Globo, foi uma das primeiras famílias chinesas a criarem lojas no Saara. Com 55 anos, Chang chegou ao Brasil aos 5, acompanhando a mãe, que virou sacoleira. Há 40 anos, sua família montou a primeira loja no Senhor dos Passos. Depois, foram para a Alfândega.

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1 COMENTÁRIO

  1. Para piorar, provavelmente ungidos pela inércia da Prefeitura, os chineses estão descaracterizando os históricos sobrados.
    SAARA apenas como ponto de venda, ainda que só com os Árabes, seria apenas um Camelodrão. O valor está no conjunto.
    Nas mãos dos chineses é desastre certo, até para eles.

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