O mês de fevereiro certamente remete carnaval, dança, ritmos. E é nesse embalo de muita alegria, que neste domingo (16/02), na Casa do Jongo, das 10h às 13h, acontece a Oficina de Congado Mineiro, ministrada por Katia Arracelle, atriz, dançarina e Capitã da guarda de congo de Nossa Senhora do Rosário.
Ritualmente essas duas expressões culturais, o congado e o jongo são diferentes, mas com o olhar mais atento elas revelam inúmeros diálogos concordantes, especialmente referente às memórias da África, da escravidão e as lutas políticas contra a desigualdade social e ao preconceito racial. É visível a força da oralidade e também os conhecimentos que se pode obter sobre essas festas e seus integrantes através dos pontos. Estes fazem parte da história desses grupos sociais e alguns são cantados há muito tempo.
O congado é uma manifestação cultural de origem afro-brasileiro, que ocorre especialmente no Estado de Minas Gerais, realizando uma conexão entre as culturas africana, europeia e indígena. Dos diversos elementos que compõem o Congado, a música ocupa importante papel, dando movimento e forma ao ritual, promovendo o contato do mundo físico com o mundo sagrado. As vestes coloridas fazem referências aos seus santos devocionais, por empatia e beleza ou por estarem associadas à religiosidade afro-brasileira.
O jongo, por sua vez, é uma forma de expressão que integra percussão de tambores, dança coletiva e elementos mágico-poéticos, que tem suas raízes nos saberes, ritos e crenças dos povos africanos, sobretudo os de língua Bantu. O Jongo consolidou-se entre os escravos que trabalhavam nas lavouras de café e cana de açúcar, localizadas no Sudeste brasileiro. É um elemento de identidade e resistência cultural para várias comunidades e também espaço de manutenção, circulação e renovação do seu universo simbólico.
“Cada um tem as suas particularidades e encantos. O Congado e o Jongo na verdade caminham lado a lado conscientizando as suas comunidades sobre a necessidade de conhecerem suas histórias da África, do tráfico e do cativeiro, para que assim continuem a lutar por melhores condições de vida e também orgulharem-se de serem negros. É através das danças, dos festejos, que as lutas políticas se concretizam. O congado e o jongo são elementos importantes para a luta contra o racismo”, finaliza a Capitã da guarda de congo de Nossa Senhora do Rosário, Katia Aracelle.
A entrada do evento vai contar com uma contribuição consciente no valor sugerido de R$30,00.