A prefeitura do Rio de Janeiro e o Comando Militar do Leste (CML) pretendem montar hospitais de campanha com o objetivo de apoiar o atendimento aos pacientes diagnosticados com o novo coronavírus. A informação foi divulgada durante entrevista coletiva na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.
O secretário de Ordem Pública, Gutemberg Fonseca, disse que a ideia é que os leitos extras “ficariam como retaguarda” para enfrentar a pandemia e inicialmente funcionariam no Riocentro, também na Zona Oeste.
“Essa seria uma alternativa para o caso de haver um grande número de casos e liberar os leitos nos hospitais. Pode haver situações que os pacientes não precisem mais de tantas atenções intensivas mas ainda precisem de cuidados. Daí se faz necessária a estrutura das unidades de campanha, onde trabalharia nosso próprio pessoal. Isso já foi empregado, por exemplo, na última grande epidemia de dengue no Rio“, acrescentou Fonseca.
A pandemia também forçou a prefeitura a renegociar com fornecedores de respiradores. Segundo o prefeito Marcelo Crivella, hoje há mil respiradores para atender a toda a rede. No fim de 2019, a Secretaria municipal Saúde (SMS) havia comprado de fornecedores chineses 806 unidades do equipamento para modernizar a rede de saúde. Na época, ainda não havia registros de Covid-19.
Inicialmente, apenas 40 aparelhos seriam entregues até o fim deste mês. No fim de semana, porém, o prefeito se reuniu com fornecedores para acelerar a entrega. Agora serão 200 até abril e o restante até o mês de maio. A secretária Municipal de Saúde, Ana Beatriz Busch, minimizou a eventual falta desses equipamentos:
“Se for necessário podemos trazer aparelhos via aérea. Ou alugar equipamentos“, afirmou.
A prefeitura deve anunciar nesta terça-feira novas medidas para tentar conter a epidemia. Por enquanto, o fechamento de bares e restaurantes está descartado devido ao impacto econômico da medida, inclusive com efeitos na arrecadação. Mas o prefeito estuda medidas para limitar o número de clientes. Crivella anunciou ainda a liberação de R$ 200 milhões para enfrentar a epidemia, mas ainda não foi detalhado de onde viriam esses recursos.
A prefeitura também deve rever até amanhã a decisão de manter abertas as escolas da rede municipal para os alunos que precisam de refeições, entre as 11 e as 13 horas. Dos 650 mil estudantes, apenas pouco mais de mil procuraram unidades nesta segunda-feira para almoçar.
Segundo a SMS, o número de casos de coronavírus na capital aumentou nesta segunda-feira. O total de infectados passou de 23 para 30. Devido a expansão das ocorrências, a prefeitura mudou também a forma de agir com relação as cirurgias eletivas. Os pacientes já internados e com cirurgias marcadas serão operados, mas novas cirurgias não serão marcadas enquanto durar a crise.
Microfone compartilhado
Em tempos de coronavírus, a equipe da prefeitura dividiu mesmo microfone em duas coletivas, na última sexta-feira e nesta segunda. Também só havia um equipamento para ser compartilhado pela imprensa na Cidade das Artes. Na sexta-feira, o aparelho foi usado por Crivella e as secretárias de Saúde, Ana Beatriz Busch, e Educação,Telma Suame. Nesta segunda, de novo por Beatriz Busch, Crivella e o secretário de Ordem Pública, Gutemberg Fonseca.
“O problema é se tocar no microfone ou colocar na boca. Vocês da imprensa é que erram ao tocar no microfone“, rebateu a secretaria de Saúde.
Logo depois, o próprio prefeito tocou no microfone para ajustá-lo a fim de que a infectologista Patricia Guttmann desse entrevista.
As informações são do Jornal O Globo.