Marcelo Biar, Presidente do instituto de direitos e igualdade
E se eu disser que um novo “massacre de Carandiru” pode acontecer em uma das unidades prisionais do Complexo de Gericinó, Bangu, no Rio de Janeiro, quem irá se importar? Quantos irão comemorar e quantos irão chorar? O choro será ouvido? Haverá empatia? Solidariedade? Ou será que o choro vai ser apenas daqueles que, historicamente, choram há 520 anos, silenciados pelo riso sádico de quem os faz chorar?
O Rio de Janeiro possui, aproximadamente, 58 mil presos. Há superlotação. Destes, cerca de 40% estão em prisão preventiva ou provisória. Não foram condenados. Embora este tipo de prisão esteja prevista na lei, é abusivo. Bangu 4, por exemplo, tem 3400 internos, quando a capacidade é de 900. E isso não é exceção, mas regra.
A água nos presídios do Rio de Janeiro é liberada de duas a quatro vezes por dia, por cerca de 20 minutos, para que o preso tome banho, beba ,limpe sua cela e “banheiro”. Sim, os presos não possuem banheiros. Fazem suas necessidades no “buraco do boi”, que é um buraco no chão.
Nos cubículos, como os presos chamam as celas, existem, em média, seis camas para 20 pessoas. Ou seja, 14 dormem no chão. Onde não há água para a higiene. A educação, prevista como obrigatória na lei de execução penal, não é ofertada nem à 20% dos internos. O trabalho ofertado a um número ínfimo.
A super lotação acirra tudo. As doenças se proliferam sem que o Estado tenha condições e vontade para dar o devido atendimento. A tuberculose é um problema constante. Doenças de pele (claro), são comuns. E a maior de todas as doenças é o descaso do Estado. Eu poderia dar exemplos como o do jovem de 19 anos que foi preso com um tiro na perna e depois de quatro meses sem tratamento, perdeu a perna. Daquele rapaz que ao ser preso quebrou o braço e ficou neste estado por um mês, na cela, até que autoridades externas vissem e notificassem a administração. Poderia falar, também, do preso que levou um tiro que lhe atravessou a parte lateral do abdômen, sem que atingisse partes vitais e que, por isso, não foi atendido, convivendo por mais de um ano (quem sabe até hoje) com um buraco em seu corpo, protegido por uma fétida atadura.
A superlotação também atinge a visita e, consequentemente, ao preso familiar deste visitante. Visita prevista em lei como importante elemento de “ressocialização”, e submetida a doenças e falta d´água, ficam pelo chão porque não há espaço devido e digno para este convívio. Dado o volume de presos e, consequentemente, de visitantes, estes se aglomeram na porta dos presídios. Portas insalubres como a entrada do Complexo de Gericinó, onde corre um esgoto há mais de 4 anos. Centenas de familiares passam a noite dormindo no chão para conseguirem visitar seus entes que, a despeito de terem cometido algum delito, continuam recebendo seu amor.
O sistema penitenciário do Rio de Janeiro é uma bomba relógio. A qualquer momento alguém se rebelará, ainda que individualmente. Este alguém será reprimido com força excessiva. Outro preso ao lado se identificará e, sem pensar, também se rebelará. Outros guardas surgirão e rapidamente será disparado o alarme. A rebelião estará decretada. Pelo Estado, diga-se de passagem. A tentativa de controlar a situação fará muitos mortos. A sociedade, em boa (ou má) parte, irá aplaudir. O governador vai apresentar como solução a construção de 10 presídios verticais de nove andares, com capacidade de 3500 presos, a um custo de 8 milhões cada um. 80 milhões no total. Sim, este projeto já existe e foi condenado por todos os setores da sociedade civil e especialistas.
Resumindo, o Estado promove o desrespeito à lei de execução penal, que determina condições de cumprimento de pena. E reprimirá a insatisfação, matará em nome da ordem, ganhará apoio de parte da sociedade (que se alimenta do ódio) e promoverá uma obra ineficaz de 80 milhões, no estilo dos grandes eventos, desta vez o show do encarceramento, e aumentará sua popularidade.
Não escrevo tudo isso para convencer aqueles que desejam a morte, que vivem do ódio. Escrevo para falar com os que ainda creem em uma sociedade melhor. Os que acreditam que uma sociedade baseada em direitos é melhor para todos.
O que faremos? Se este novo Carandiru acontecer, como se sentirão? E mesmo que não aconteça, como se sentem sabendo que 58 mil pessoas vivem sem água, banheiro, em suma, dignidade mínima. Como lidar com o fato de que cerca de 300 mil pessoas, familiares destes presos, também sofrem esta tortura?
O problema é de todos. Não podemos mais fingir a ignorância! Nas pautas por direitos, nos gritos das manifestações, nas plaquinhas de parlamentares no congresso, tem que haver o fim do encarceramento em massa e a reversão do quadro caótico que se encontram os presídios do Rio de Janeiro. Nosso silêncio não pode ser cúmplice de mais um massacre.
O que dizer do Alex? Coração duro; alma raivosa; ser humano magoado? Talvez seja isso, um humano com um rio de mágoas ao ponto de invocar todo seu furor sob uma opinião. Isso mesmo, opinião externada pelo articulista, calcada na realidade do sistema prisional, e que, a despeito das motivações existente para estarem presos, não legítima ao Estado que descumpra a lei – se a lei tem que ser cumprida que o Estado dê o exemplo.
Quanto a tentativa de desqualifica o articulista por expressar um pensamento contrário ao raivoso leitor, fica uma orientação – cuidado pois com esse ímpeto você pode se tornar hóspede do local denunciado pelo jornalista.
[…] as condições para acontecer a qualquer momento um massacre como o do Carandiru, segundo alertou em um de seus últimos textos, de […]
[…] e rapidamente será disparado o alarme. A rebelião estará decretada. Acesse o texto completo clicando aqui […]
Infelizmente é a mais pura verdade.
É lamentável ver quem você ama não ter condições nenhuma de se regenerar e futuramente se ressocializar, estando mantido nesse sistema falido que é o Prisional Brasileiro.
Talvez no Bangu 8 seja diferente, porque no 3 eu afirmo que não é.
Vc esta preocupado com o preso ?e os familiares das vitimas ninguém se preocupa?eles são santinhos que nunca fizeram mal a ninguém !!Será que todos que vc mencionou foram baleados por ser vitima da sociedade , pare com esse discurso pois conheço podre honesto e rico ladrão veja o exemplo de alguns políticos que vivem uma vida de marajá e mesmo assim e corruptos! !!!! Será que todos os podre negro e favelados tem que ser tornar bandido posso de afirmar 99% de moradores de comunidade são de pessoas honestas !!!!!!! Eu teria vergonha de ser colunista e anunciar umas asneira dessas, e muito bonito falar isso numa cobertura de frente para o mar … Não e questão ideológica mas hoje em dia a maioria dos meios de comunicação sofre com a descredibilidade devido o “politicamente correto “veja o exemplo dessa grande emissora! !!!! Não faça da internet a desgraça que esta a rede de canal aberto DEU ATÉ NÁUSEA
VER ESSA LINHA DE PENSAMENTO QUE LADRÃO ,HOMICIDA, ESTRUPADORES, TRAFICANTES, E MAIS OUTROS QUE SE EU CITAR POSSO ESCREVER ATÉ AMANHÃ. … uma pessoa que acredito que tenha pelo menos ter o ensino médio completo que hj para ser jornalista não precisa ter nível superior !!!!! SIMPLESMENTE TE DESEJO O BEM PORQUE O MAL JÁ ESTA DENTRO DE TI !!!!