A pandemia do Coronavírus, além de trazer caos ao sistema de Saúde e à economia do Rio de Janeiro, gerou um outro problema: a diminuição no número de doações de órgãos e de doadores em comparação a 2019.
De acordo com dados oficiais do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), entre março e abril de 2020, houve queda de 9% no número de doadores e de 20% nos transplantes em relação ao mesmo período no ano passado.
Como motivos para a queda no número de doadores, podemos citar a redução dos traumas, responsáveis por 40% dos transplantes, e também as mortes ocasionadas pela Covid-19. Além disso, pacientes que mantiveram contato com pessoas infectadas pela doença não estão autorizados a doar.
Eduardo Fernandes, médico transplantador e especialista em doenças hepáticas do Hospital São Lucas Copacabana, na Zona Sul, diz que a situação acaba colocando muitos pacientes em risco.
”É necessário fazer a fila de transplante continuar andando. Existem pessoas morrendo à espera de um órgão e temos protocolos de segurança para realizar as cirurgias sem riscos aos pacientes que precisam ser transplantados”, afirma o médico.
Ainda segundo Eduardo, os pacientes mais prejudicados acabam sendo os que estão com doenças no fígado em estágio avançado, como insuficiência hepática, cirrose ou, até mesmo, câncer
”Para eles, o transplante hepático é a principal forma de tratamento e, nesse caso, a doação do órgão pode acontecer entre vivos, o que viabiliza ainda mais a cirurgia”, diz.
O médico aproveita para dizer, também, que o São Lucas Copacabana está bem reforçado em relação à higienização do ambiente dos profissionais para as doações de órgãos enquanto durar a pandemia, inclusive no centro cirúrgico.
”Após a alta hospitalar, nossas equipes médicas dão orientação extra de segurança aos familiares para que o paciente possa continuar sua recuperação em casa. O acompanhamento é todo feito por telemedicina, em que avaliamos o paciente por meio de chamadas de vídeo para que ele não precise retornar ao hospital”, diz Eduardo.
Como ser um doador
O transplante de órgãos, no Brasil, embora não necessite de documentação, só acontece mediante autorização dos parentes. Por isso, é importante avisar, ainda em vida, que deseja ser doador de órgãos, para que a família fique ciente e conceda a doação.
No Brasil, por lei, o transplante só pode ser ocorrer mediante autorização dos parentes, sem necessidade de documentação. Mas avisar a família, ainda em vida, que deseja ser doador de órgãos pode ajudar na decisão da autorização do procedimento.
O site ”Doe+Vida” e o Disque Transplante 155 são canais para esclarecimento de dúvidas e debate do tema.