Nesta semana começou a fase 1 do relaxamento da quarentena na cidade do Rio de Janeiro. Voltaram a ter autorização para funcionar o comércio em lojas de móveis (de venda e decoração), o comércio em concessionárias de automóveis (proibidos feirões e eventos), além de igrejas. As atividades físicas ao ar livre também estão liberadas.
A decisão da Prefeitura gerou uma série de opiniões contrárias à flexibilização da quarentena.
“O Rio de Janeiro é a segunda capital do país com mais mortes por Coronavírus. Os casos também batem recordes negativos e os hospitais lotados. Não era a hora de fazer essa reabertura, mesmo que aos poucos. Corremos o risco de a cidade ter que adotar um isolamento radical após esse relaxamento“, afirma o infectologista Douglas Macedo.
A baixa testagem também preocupa os especialistas: “A Capital do Rio de Janeiro é uma das poucas que não oferece a testagem em todas as suas unidades de saúde públicas. Com poucos testes realizados fica difícil saber o momento correto de relaxar a quarentena”, opina Daniel Soranz, ex-secretário de saúde do município do Rio.
Pressões provocadas pela eminente crise econômica são constantes quando o assunto é reabrir ou não setores da sociedade em meio à pandemia. Esse ponto, para o médico Clóvis Machado, vem pesando no Rio de Janeiro e em todo o Brasil.
“O auxílio do governo federal teve muitos problemas de atrasos, fraudes, o socorro às pequenas e médias empresas não chegou, as denúncias de corrupção nas compras de materiais e aparelhos por parte de prefeituras e governos em todo o país. Tudo isso, por questão de necessidade, leva muita gente de volta às ruas, com ou sem relaxamento da quarentena. Os países que conseguiram bons índices de isolamento social, inclusive aqui na América do Sul, cito a Argentina como exemplo, chegaram a isso porque o estado socorreu empresas, para que elas não quebrassem e garantissem empregos, e ajudou as pessoas desassistidas para que elas fiquem em casa tendo alguma renda para comer, beber e vestir”, diz o médico.