A semana que passou, dedicada ao Meio Ambiente, foi mais uma oportunidade para pensarmos sobre as graves questões que cercam esse tema, especialmente no Brasil (des)governado por Bolsonaro. Vemos a destruição das políticas ambientais e a colocação das estruturas administrativas a serviço do avanço do agronegócio sobre florestas e cerrados, e da liberação de mais agrotóxicos nos alimentos que consumimos. Na fatídica reunião ministerial, cuja gravação veio a público, nos indignamos com a confissão explícita de Salles de utilizar a eclosão da pandemia para “passar a boiada” da desregulamentação ambiental. O resultado tem sido um aumento das queimadas, tanto na Amazônia, como na Mata Atlântica, fonte da água que a maioria das cidades brasileiras consomem.
Em todo o mundo, o consumismo e a falta de uma correta destinação dos resíduos sólidos e de saneamento têm provocado a contaminação do ar, dos solos e a poluição dos cursos d’água. O lixo carreado pelos rios chega ao mar, provocando o surgimento de verdadeiras ilhas de plástico nos oceanos. Ao fim, partículas desse material invadem toda a cadeia alimentar.
Em nossa cidade vemos o avanço da iniciativa que visa a destruição da Floresta do Camboatá, para a construção de um autódromo. Recentemente se conseguiu impedir a tentativa de realização de uma audiência pública sobre o assunto em meio à pandemia, o que aceleraria o processo, sem que a sociedade pudesse corretamente opinar. As autoridades municipais assistem à ocupação irregular pelas milícias de áreas no Parque do Mendanha e na Floresta da Tijuca, como na Muzema, onde um edifício ruiu e causou diversas mortes.
O Rio de Janeiro tem uma natureza privilegiada que, juntamente com as áreas edificadas, compõe a sua paisagem, reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade. Cuidemos desse bem maior dos cariocas. Há muito a fazer, como levar saneamento às comunidades, urbanizá-las e controlar sua expansão. A despoluição dos cursos d’água levaria à tão desejada despoluição de nossas praias. A reciclagem dos resíduos sólidos é parte desse processo. Um projeto importante a ser retomado é o Mutirão de Reflorestamento, iniciativa exitosa, porém pouco incentivada.
Para além disso tudo, há um problema enorme nos espreitando, o aquecimento global. O Brasil, assim como os EUA, tem sabotado ou ignorado acordos internacionais de redução de emissões de gases do efeito estufa. O aquecimento global, uma realidade que já começa a produzir efeitos danosos, dificilmente será contido em + 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, como se pretendeu no Acordo de Paris. Muito provavelmente chegaremos à casa de + 2°C, ou acima. Até aqui, a Prefeitura do Rio mostrou pouca preocupação com a questão. Mas, num futuro próximo, a cidade terá um encontro problemático com as consequências desse aquecimento.
Eventos climáticos extremos, como chuvas capazes de provocar deslizamentos de encostas e inundações, serão mais frequentes. A elevação do nível do mar provocará alterações em cidades costeiras, com o mar avançando sobre praias e baixadas. Muitas áreas habitadas, especialmente aquelas onde se encontra a população mais pobre, estarão sujeitas a inundações.
Analisando os mapas com simulações dos efeitos de uma elevação da temperatura de + 2°C, percebe-se que, na área central, a Praça da Bandeira, a Av. Francisco Bicalho, o Aeroporto Santos Dumont e o Parque do Flamengo serão duramente afetados. Na Barra, o mesmo ocorrerá com as praias, o Parque Olímpico e o Centro Metropolitano. Grandes partes do Aeroporto Tom Jobim e da Baixada Fluminense estarão inundadas. Os mesmos mapas mostram situações catastróficas em caso de um aumento da temperatura em + 4°C. Por isso as ações preventivas são tão urgentes. A Prefeitura deve planejar a relocação de habitações e equipamentos públicos das áreas sujeitas a esse avanço do mar, assim como, evitar novas ocupações nas mesmas.
O meio ambiente é tudo que nos rodeia, desde as florestas e parques, até os insetos que invadem nossas casas. Nosso planeta é único e lindo, um bem comum a todos os seres viventes que o habitam. Como agentes da maior transformação que ele já sofreu pela ação de uma única espécie, devemos estar conscientes de nossos atos e agir para corrigir os problemas que criamos. Há muito o que fazer e cada um de nós pode iniciar uma ação em benefício do meio ambiente. A hora é essa. É o que nos ensinou a pequena Greta Thunberg.