O estado do Rio registrou, de janeiro a maio deste ano, recuo de 15% nas exportações, com saldo negativo de US$ 2,4 bilhões, de acordo com a edição de junho do Boletim Rio Exporta, da Firjan. No período, o estado somou US$ 10,3 bilhões em exportações e US$ 12,8 bilhões em importações.
O principal responsável pelo resultado das exportações foi o recuo de 7% nas vendas de petróleo, aliado aos efeitos da pandemia da Covid-19 na atividade econômica. Essa queda deve-se, sobretudo, aos menores embarques de óleos brutos para a China (-27%) e para os Estados Unidos (-47%), no acumulado anual. O resultado negativo no mercado pode ser explicado pelo lockdown nesses países nos meses de março, abril e maio, quando houve sensível redução no consumo de combustíveis.
“No cenário atual da pandemia, o contágio, os lockdowns e as eventuais interrupções nas cadeias de produção acontecem por ‘ondas’. Os estágios da crise não ocorrem em todos os países e em todos os continentes ao mesmo tempo, o que é altamente prejudicial para a indústria. Isso dificulta o planejamento logístico das empresas, a capacidade de fazer previsões econômicas e de prospectar negócios internacionais”, explica Giorgio Rossi, coordenador da Firjan Internacional, lembrando que o foco principal da pandemia já esteve localizado na China, Itália, Espanha, Inglaterra, EUA e, agora, encontra-se na América Latina.
A redução das exportações foi, ainda, consequência da diminuição nos embarques de produtos industrializados (-33%), no acumulado anual. As exportações para a União Europeia foram as que mais diminuíram (-48%), puxadas pela queda de 54% nas vendas para o mercado holandês, principalmente de tubos flexíveis de ferro ou aço.
De janeiro a maio, as exportações fluminenses cresceram substancialmente para o Uruguai (+94%), importante parceiro do Mercosul. A África seguiu a mesma tendência (+9%), com incremento principalmente de óleo combustível.
Apesar do recuo, o Rio de Janeiro mantém a segunda posição entre as unidades da federação com maior fluxo internacional, registrando 15% de participação na balança comercial do país, atrás apenas de São Paulo.
Compra de insumos para combate à Covid-19
Já o avanço das importações fluminenses foi reflexo do aumento de 123% nas aquisições de bens industriais (US$ 11,3 bilhões), de janeiro a maio. As principais indústrias fluminenses que apresentaram aumento nas importações foram: Outros equipamentos de transporte (US$ 5,2 bilhões; aumento de 124%); Máquinas e Equipamentos (US$ 2,3 bilhões; aumento de 462%); e Produtos de borracha e plástico (US$ 333 milhões; aumento de 334%).
No acumulado do ano em relação ao mesmo período de 2019, o boletim registra aumento de 167% nas compras de insumos para combate à Covid-19.
Futuro do comércio exterior e isonomia tributária
“Se o ritmo na retomada e reabertura das economias europeias, dos EUA e da China se mantiver e não houver nenhum novo lockdown, é possível que comece a acontecer uma retomada das exportações fluminenses. Mas será preciso aguardar a consolidação desse cenário que está em constante evolução”, estima Rossi.
Rodrigo Santiago, presidente do Conselho Empresarial de Economia da Firjan e do Sindicato das Indústrias de Artefatos de Borracha do Estado do Rio de Janeiro (SINDBORJ), diz que o setor de borracha, que é muito amplo, sofreu bastante por conta da Covid-19, que provocou uma crise de demanda e de oferta.
“O importante para a agenda do comércio exterior é o Brasil estar atento e cada vez mais inserido às cadeias globais de valor. E para isso a indústria precisa melhorar a competitividade, o que requer isonomia de tratamento tributário. É necessário incentivar e proteger o investimento feito no Brasil”, frisa.