Cada vez mais perto de ser concretizada, a ideia da Prefeitura do Rio de Janeiro de demarcar territórios nas praias cariocas para evitar as aglomerações que têm acontecido não foi bem vista por especialistas. Segundo o infectologista Roberto Medronho, a tendência é de que haja justamente o contrário do que espera o Poder Executivo Municipal.
”Se nós já estávamos tendo aglomerações com a faixa de areia proibida, agora eu acredito que aumente a aglomeração nestes espaços, pela falta de fiscalização e pelo fato das pessoas irem à praia com uma das grande motivações de encontrar outras pessoas”, explicou o médico.
Medronho disse também que, por conta da liberação das praias para uso da população, é possível que aconteça um aumento no número de infectados pelo Coronavírus.
”O não uso da máscara, muito comum em função da exposição à radiação solar, pode fazer com que haja uma maior proliferação do vírus da Covid-19”, disse o infectologista.
Em relação à opinião da população, questiona-se uma possível terceirização da delimitação de espaços e, além disso, a falta de capacidade da Prefeitura em fiscalizar a situação.
”O problema é querer passar a responsabilidade para uma outra pessoa, uma empresa, uma terceirização”, disse uma banhista.
”E aí? O meu quadrado começa na ‘minha’ areia e termina no ‘meu’ mar? Eu acho que tem que ter uma forma mais inteligente, considerando as questões reais”, disse outra mulher.
Nesta segunda-feira, o prefeito Marcelo Crivella explicou como deve acontecer a demarcação de espaços. Segundo ele, será por ordem de chegada, e o aplicativo estará disponível somente para atender idosos e pessoas com deficiência. Vale ressaltar que ainda não há data para entrar em vigor.
Há certas coisas em que o governo não deveria se meter, enquanto que com outras, ele deveria se preocupar mais, se dedicar mais e trabalhar mais…
Ou estará sendo pretensioso de achar que pode assemelhar os cidadãos a porcos, se fizer chiqueirinhos na praia, ou bovinos resignados, se quiser dividir o espaço público em currais, enquanto os bangalôs da orla se tornam cochos.