O prefeito Marcelo Crivella exonerou Roberto de Paula do cargo de subsecretário de Bem-Estar Animal, após duas servidoras e uma ex-estagiária da Prefeitura do Rio de Janeiro registraram na sexta-feira, 28 de agosto, na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher, uma ocorrência contra o subsecretário de Bem Estar Animal da gestão de Marcelo Crivella, Roberto de Paula, acusando-o de assédio sexual em diferentes ocasiões. A informação foi publicada primeiramente pelo jornalista Guilherme Amado, da revista Época.
Um decreto com a exoneração de De Paula foi publicado no Diário Oficial do Município desta quarta-feira (2). Segundo a Polícia Civil, o ex-subscretário será intimado a depor.
As três, que serão identificadas nesta matéria por meio de letras aleatórias para preservar suas identidades, relataram à Polícia Civil uma série de atitudes e comportamentos assediosos que Roberto de Paula adotou com as três durante meses.
X., Y. e Z. trabalharam juntas no Posto de Bonsucesso da Subsecretaria de Bem Estar Animal, na Zona Norte do Rio de Janeiro, aonde o subsecretário ia semanalmente. A veterinária Y. ainda trabalha no posto, X. foi transferida e Z. era estagiária de veterinária até março deste ano, quando foi demitida.
Os assédios teriam ocorrido, segundo as três, entre dezembro de 2018 a abril deste ano.
Dos depoimentos das três, emerge um homem que publicamente as tratava de maneira desrespeitosa, chamava-as de “minha namorada”, fazia convites intimidatórios, tocava-lhes sem permissão e chegou até a tentar beijar uma delas à força.
Além dos depoimentos, as três apresentaram à Polícia testemunhas que corroboraram seus relatos e mensagens de WhatsApp trocadas com o subsecretário.
Os prints das conversas mostram que De Paula se dirigia a elas de maneira inapropriada em uma relação profissional, chegando a ameaçar uma delas de chantagem, como se fizesse uma brincadeira.
Um dos mais fortes relatos foi feito por X., veterinária que foi transferida do posto de Bonsucesso para o de Vicente de Carvalho, também na Zona Norte do Rio. A servidora reportou à Polícia que o subsecretário tentou beijá-la numa festa de trabalho, ocorrida em dezembro de 2019.
“Em dezembro, em uma festa da empresa, realizada em Campo Grande (Zona Oeste da cidade), o autor costumava assediar a vítima com mensagens constantes a chamando para sair e, após, passou a agarrá-la com força. Na data supracitada, a puxou pelos braços na festa de final de ano e tentou beijá-la“, informou o registro policial feito por X.
O relato foi confirmado por uma testemunha, também já ouvida pela Polícia Civil:
“Que durante uma festa de confraternização, a testemunha estava sentada à mesa quando avistou o autor segurando a vítima pelos braços, que esta se esquivava, constrangida, contudo, o autor não desistia e tentava beijá-la“, afirmou a testemunha.
Já outra servidora, aqui identificada como Y., e única até hoje a ainda estar no posto de Bonsucesso, contou à Polícia que Roberto enviava mensagens com convites para saírem juntos e que, após as recusas, ele a trocava de posto como uma espécie de castigo. Contou ter sido transferida para quatro postos diferentes, além de Bonsucesso, trabalhou em Engenho de Dentro, em Bangu e em Guaratiba, até retornar a Bonsucesso.
Uma das mensagens a Y. dizia:
“Que isso, gata, próxima semana vamos almoçar, não fica com medo, não vai doer nada. Você há de convir que é muito bonita. Tá com medo de ficar sozinha comigo, só mordo se você quiser“.
“Beijos no canto da boca”
Z., a ex-estagiária do mesmo posto, também fez relatos de assédio sexual físico. Segundo ela, Roberto costumava lhe dar beijos no canto da boca:
“Que o autor também entregou um cartão à amiga da declarante pedindo para entregá-lo a ela; que, na Subem (Subsecretaria de Bem Estar Animal), costumava chegar próximo à declarante e lhe dar beijos no canto da boca, sempre com algum pretexto de tocá-la“, informa o registro feito a partir dos relatos da ex-estagiária.
A veterinária Y. afirmou que, quando a agora ex-estagiária Z. teve o contrato rescindido, decidiu enviar uma mensagem ao subsecretário para tentar a recontratação da estagiária. A mensagem entregue por Y. à Polícia Civil mostra a resposta do subsecretário:
“Vou te chantagear“, afirmou, emendando em seguida: “Brincadeirinha, vou te ligar“.
Y. respondeu a Roberto afirmando que estava com “medo” e Roberto enviou: “Que isso! Entendi. Não vai doer nada kkk“.
À coluna, as servidoras afirmaram que se sentiam prejudicadas e sabotadas pelo subsecretário no ambiente de trabalho.
Segundo X., Roberto de Paula chegou a acusá-la, numa reunião, de desviar medicamentos do posto.
As funcionárias dizem que decidiram registrar as acusações na semana passada porque foi quando conseguiram ter coragem e reunir um número de colegas para fazerem os relatos à polícia.
O subsecretário Roberto de Paula afirmou à coluna que está à disposição para prestar os esclarecimentos caso seja intimado, mas não quis comentar nenhum dos fatos narrados por elas à Polícia.
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