Segundo reportagem do jornal O Globo, a lista de doadores da campanha do governador afastado Wilson Witzel nas eleições de 2018 revelam outras possibilidades de influência no governo do Rio além dos contratos na saúde. É o caso do empresário Ramon Nishimura, que fez uma contribuição de R$ 20 mil. Ele é dono da Sinape Sinalização e Segurança Rodoviária que, em 2018, não possuía contrato com o estado. Desde a eleição de Witzel, porém, a empresa já foi contratada para nove serviços, que somaram R$ 1,88 milhão, todos para manutenção da sinalização horizontal e vertical na malha rodoviária estadual. Nishimura não se manifestou sobre o assunto.
O maior doador da campanha é o advogado Fabio Picanço, com R$ 120 mil. Ele foi diretor jurídico do Procon até setembro de 2019 e continuou assessor especial do órgão até maio deste ano, quando decidiu sair por questões pessoais — seu salário bruto era de R$ 12 mil. Ao Globo, ele disse ter conhecido Witzel num grupo de campanha após o primeiro turno e se interessou pelo projeto de governo, “principalmente na área de segurança”. Sobre sua relação profissional com a administração estadual, ele afirmou que apresentou um projeto para a área jurídica do Procon após a eleição.
“Demonstrei interesse em assumir o cargo de Diretor Jurídico por conta da minha formação acadêmica ser, à época, pós-graduando em Direito Empresarial na FGV e já pós-graduado em Direito Privado pela UFF — explicou Picanço, que citou o “Mutirões de Negociação de Dívidas” e o “Grupo de Trabalho de Uniformização de Entendimentos Sobre a Matéria de Direito do Consumidor” como duas de suas realizações durante a passagem pelo órgão.
Há ainda dois doadores próximos a Picanço: Antonio Cesar Boller Pinto, que é seu sócio e doou R$ 15 mil; e Marcus Vinicius Garcia Gregores, ex-sócio, que contribuiu com R$ 50 mil. Gregores disse que doou por acreditar no projeto político de Witzel, e Pinto não respondeu.
Outro doador de campanha que ganhou cargo no governo é Vinícius Sarciá Rocha, irmão de criação do governador interino, Claudio Castro. Ele doou R$ 8 mil e é assessor especial do governo, com salário bruto de R$16 mil. Rocha disse que doou por “acreditar na candidatura e por reconhecer que é um modo salutar de apoiar projetos políticos”.