Ocupação popular Mariana Crioula lança campanha para obras de sua fachada

Movimento sofre ameaças de perda do direito de uso do imóvel pelo poder público

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
Foto: reprodução

A ocupação popular Mariana Crioula, integrante do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, o MNLM, acaba de criar no dia 15/10, a campanha “Mariana Crioula por nossas mãos” com objetivo de realizar as obras da fachada do prédio. No local residem 60 famílias, que aguardam cumprimento do acordo feito com o poder público de liberação de crédito por meio do Programa Minha Casa Minha Vida Entidades, desde o ano de 2013.

Localizado na região central do Rio, o espaço é um galpão vazio, sob o qual o MNLM-Rio possui o direito real de uso concedido pela Superintendência do Patrimônio da União (SPU) desde 2015. Por tratar-se de um imóvel antigo, do século XVIII, é necessário a manutenção aspectos originais de sua fachada, o que demanda elevado investimento financeiro.

Maria Aparecida de Jesus é uma das moradoras mais antigas e está na ocupação desde o início em 01/12/2008. Ela conta que com o passar do tempo, algumas famílias foram desistindo devido as dificuldades de concretizar as obras. Ela fala: “Às vezes me sinto desanimada e meus filhos que anima. Mas é muito ruim porque agora então, do jeito que tá aí, a gente fica apreensivo porque a gente fica com medo de a qualquer momento mandarem a gente sair. E vai para onde as famílias?”

O projeto de construção das moradias populares , elaborado pelo arquiteto Lucas Faulhaber, e que está disponível no canal do Youtube do movimento, foi devidamente aprovado pelo Ministério da Cidade e dividido em fases. A primeira das etapas, que consiste em instalações e elétricas e hidráulicas encontra-se devidamente realizada. A segunda fase, que contempla a execução da obra, deveria ter começado em 2018. No entanto, até o momento, o MNLM-Rio não conseguiu dar prosseguimento ao plano, em decorrência da paralisação do programa habitacional da Caixa Econômica Federal, apesar de possuir contrato assinado com a instituição e com o Ministério da Cidade.

A campanha de arrecadação visa, em um primeiro momento, a reforma da fachada do prédio, pois a ocupação recebe constantemente ofícios da SPU cobrando a finalização das obras, sob pena de perda do direito de uso concedido. Somente após está fase, poderá ser iniciada a construção das residências. 

Além da moradia, o projeto prevê a construção de um hostel. Aproveitando a revitalização da pequena África, a ideia é viabilizar a geração de renda aos moradores da ocupação. Elizete Silva, coordenadora do MNLM-Rio, explica como funcionam as ocupações do movimento: “A gente trabalha além da moradia, a formação da cooperativa de trabalho, a gente entende que o trabalhador tem que se auto-organizar, do avanço das novas tecnologias de habitação, questão racial como mulheres e crianças que são prioridades no nosso trabalho e o eixo principal é reforma urbana. Construir uma cidade mais justa e democrática”.

As doações para a campanha “Mariana Crioula por nossas mãos” devem ser feitas para a Associação de Apoio à Moradia, CNPJ 09468392/0001-92, banco: Caixa Econômica Federal, agência 2809, conta corrente: 00000868-9, código de operação: 013.  Maiores informações sobre o movimento estão disponibilizadas na sua página do Facebook.

Sobre Movimento Nacional de Luta pela Moradia ( MNLM)

O Movimento Nacional de luta pela Moradia (MNPL) tem como intuito trabalhar a democratização do espaço da cidade. A ocupação é um eixo do movimento. Sua proposta inicial é de realizar uma reforma urbana.

Presente em 20 estados do país, o movimento tem como questão principal a implementação de política de moradia na área central para que o trabalhador tenha acesso aos meios de educação, saúde, trabalho e cultura disponíveis em melhores condições nos centros urbanos. 

O MNLM também estabelece parcerias com instituições de ensino buscando a formação profissional dos seus integrantes. O movimento costuma oferecer cursos tais como fotografia, turismo, gastronomia entre outros, de acordo com a necessidade do grupo.

Por que Mariana Crioula?

O nome da ocupação é uma homenagem a Mariana Crioula. Mulher negra, escrava e quilombola, que viveu em Pati do Alferes, no município de Vassouras-Rio de Janeiro. Além de escrava foi costureira na região até participar de uma das maiores fugas de escravos da região fluminense.

Conta a história, que durante a fuga, Mariana Crioula foi aclamada “rainha” do quilombo formado pelos fugitivos na serra. Foi presa em um ataque por tropas da Guarda Nacional, tendo, no entanto, resistido bravamente.

De acordo com a coordenadora do MNLM-Rio, Elizete Santos, a ideia ao escolher o nome da ocupação é: “lembrar e valorizar personalidades brasileiras que não tiveram evidência na história, e valorizar a cultura negra e luta dos trabalhadores”.

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
entrar grupo whatsapp Ocupação popular Mariana Crioula lança campanha para obras de sua fachada
Costa do mar, do Rio, Carioca, da Zona Sul à Oeste, litorânea e pisciana. Como peixe nos meandros da cidade, circulante, aspirante à justiça - advogada, engajada, jornalista aspirante. Do tantã das avenidas, dos blocos de carnaval à força de transformação da política acreditando na informação como salvaguarda de um novo tempo: sonhadora ansiosa por fazer-valer!

Comente

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui