Na década de 1970, Saquarema era, praticamente, uma vila de pescadores. Nessa época, um grupo de surfistas desbravadores chegou ao local e logo viram ali um paraíso de beleza natural e para a prática do esporte. E eles estavam certos. A cidade logo virou a Capital Nacional do Surf, o Maracanã das Ondas.
Como Saquarema fica no meio do caminho para Búzios e Cabo Frio, que já eram picos conhecidos pelos surfistas, alguns deles como Ricardo Bocão, Pepê Lopes, Tico Cavalcanti, Octávio Pacheco, Daniel Friedman, Paulo Proença, Maraca entre outros, chegaram por lá e decidiram voltar muitas e muitas vezes.
De lá para cá, a fama se manteve e a onda não passou. Depois de 6 anos consecutivos sendo realizado no Postinho, na Barra da Tijuca, na capital do estado do Rio, em 2017 a etapa brasileira do Circuito Mundial de Surfe se mudou para Saquarema. O surf, profissional ou amador, faz parte do cotidiano da cidade.
“A história de Saquarema está intimamente ligada ao esporte. Temos as melhores ondas do país e somos considerados o ‘Maracanã’ do surf. Estamos trabalhando para que todo esse potencial esportivo, aliado à cultura e ao turismo, se transforme em uma cadeia econômica sólida e eficiente, capaz de gerar emprego e renda para a população”, disse a prefeita Manoela Peres.
Na mesma década de 1970, Saquarema ganhou outro motivo para ser destaque no Brasil e fora do nosso país. Foi na cidade que aconteceu um Festival de música, em 1976, que aliado ao surf tinha como proposta ser uma espécie de Woodstock brasileiro.
Os shows e toda a festa de 1976 levaram à Saquarema muita gente. Público para ouvir música, público para acompanhar as disputas de surf e um público que nunca pensou estar na região. Entre os artistas, nomes de peso da nossa música como Raul Seixas, Rita Lee, Ângela Ro Ro, entre outros.
Pesquisadores que estudam a música brasileira atestam que esse Festival foi fundamental para a consolidação do rock no Brasil, que se tornou muito popular nos anos 1980.
As águas do evento continuaram rolando depois. E rolam até hoje em dia. Serguei, um dos maiores roqueiros brasileiros, foi morar na cidade, onde existe um museu (Templo) do Rock, e um documentário sobre o Festival de 1976 foi lançado em 2018, dirigido por Helio Pitanga.
Manoel Vieira, secretário de cultura da cidade, frisa que: “Esse evento, organizado pelo Nelson Motta e pelo Loureiro, colaborou muito para a projeção do Surf e do Rock nacional no Brasil. E são coisas que estão diretamente ligadas à Saquarema. A prática do esporte, a moda praia, a música, está tudo correlacionado por aqui e ligado diretamente à cultura da cidade. Saquarema é uma referência nesse ponto e isso se dá por conta desse passado, que começou nos anos 1970 e continua até hoje”.
Não entendi porque sua reportagem não mencionou o Serguei, o verdadeiro criador do Centro do Rock em Saquarema.
O roqueiro vivia em Saquarema desde 1972 e transformou sua casa em museu em 2006, que ficou conhecida como o Templo do Rock. Considerado patrimônio cultural do município, o museu é conservado pela prefeitura local, após a morte de Seguei aos oitenta e cinco anos em Junho de 2019.
Seria interessante revisar este texto e publicá-lo novamente de maneira mais abrangente. Esquecer da importância de Serguei para o rock, para o surf e para Saquarema é inimaginável.