Felipe Lucena: Tirar camelôs e moradores das ruas e levar para onde?

Sem plano simultâneo, imediato e complementar de reinserção às pessoas, esse ‘combate’ soa como política higienista e desumana

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
Foto Cleomir Tavares/Diário do Rio

Muitas pessoas, inclusive o editor chefe do DIÁRIO DO RIO, Quintino Gomes Freire, defendem a retirada imediata de muitos camelôs e de pessoas em situação de rua das ruas da cidade do Rio de Janeiro. É evidente que vendedores ambulantes mal posicionados atrapalham o comércio formal, que paga impostos e gera empregos, e que ninguém tem que viver sem um lugar para morar, mas promover um “tira tudo do caminho” sem planejamento maior e para já é simplesmente afastar a situação incômoda para longe e nesses casos, ela costuma voltar. Solução pela metade é pior do que o próprio problema.

A maioria dos camelôs está trabalhando nas ruas porque não tem outra opção de emprego. Uma minoria é de gente que decidiu bancar um negócio próprio, por escolha, e foi à luta. Na maior parte dos casos são trabalhadores que batalham todo dia para sobreviver e alimentar suas famílias. Trabalhador precarizado não é empreendedor. Vamos aos números: a taxa de desemprego no Estado do Rio de Janeiro mais que dobrou entre 2012 e 2020. O número de desempregados já chega a 1,5 milhão de fluminenses, segundo o IBGE. O Rio de Janeiro é o estado com o maior número de desempregados no Sudeste e o quarto maior do país, ficando atrás apenas de Bahia, Alagoas e Sergipe.

Quanto às pessoas em situação de rua, antes de tudo, é preciso entender que não é um problema só. Cada caso é um caso. Já fiz algumas matérias, inclusive para o DIÁRIO DO RIO, e é preciso um mapeamento amplo para entender a condição de cada um e solucioná-las. Têm os casos de pessoas que dormem nas ruas, pois moram longe do trabalho, os que vieram de outras cidades e desejam voltar para a terra natal e não conseguem, os com problemas psiquiátricos, dependentes químicos e muitos outros. Colocar todo mundo no mesmo balaio e só querer não ver mais ninguém nas ruas em um passe de mágica sem saber o que vai acontecer com essa gente depois é, no mínimo, desumano. Claro que ninguém deve ter como lar uma marquise, contudo, os abrigos da Prefeitura e outros espaços públicos de acolhimento são insuficientes e de péssimo funcionamento. Há quem prefira ficar na rua a estar nesses locais, inclusive.

Retirar essas pessoas (tanto os moradores quanto os camelôs) sem ações simultâneas e imediatas de reinserção ao mercado de trabalho, sem condições de vida digna, garantias legais, constitucionais, é como colocar óculos escuros para não ver o Sol. Ele vai continuar lá esquentando tudo enquanto quem defende esse tipo de “combate” finge estar tudo indo bem. Sem ações de reinserção e condições de vida digna, em pouco tempo, os mesmos moradores e camelôs estarão nas mesmas ruas e para sempre viveremos esse Tom e Jerry nada divertido.

Existem formas de resolver essa situação. Algumas, inclusive, apresentadas pelo hoje secretário de planejamento urbano do Rio, Washington Fajardo, em entrevista ao DIÁRIO DO RIO quando ele ainda era um possível pré-candidato à Prefeitura. Fajardo falou em abrigos mais humanos, com quartos separados, espaços para animais de estimação, horários que condizem com a rotina das pessoas, em estratégias para distribuir melhor os camelôs pela cidade, criando novos camelódromos, feiras diárias, por exemplo. Porém, ideias como essas precisam estar em prática imediatamente. Caso contrário, é política na esquina do higienismo e isso é o que deve ser combatido.

Repito: solução pela metade é pior do que o problema.

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
entrar grupo whatsapp Felipe Lucena: Tirar camelôs e moradores das ruas e levar para onde?

5 COMENTÁRIOS

  1. Já parou para pensarem que esse problema que estão querendo empurrar para debaixo do tapete existe em maior frequência hoje devido ao fique em casa , e que muitos perderam postos de trabalho por conta desse discurso idiota hoje tem mais camelos e moradores por que há um desemprego gigantesco comércio fechados eventos parados e a prefeitura e o governo do Estado contribuir com o governo federal e assistir muitos com outros auxílios emergenciais as pessoas muitas viraram camelôs por falta de emprego formal nem todos que estão já eram moradores de rua eu mesmo se tivesse ajuda de amigos estaria na rua por conta dessa safadeza da fraudemia tá na hora de vcs fiscalizarem os hospitais e separarem ia pacientes covid dia demais e não brincar com esse jogo sujo de aumento de infectados, eu trabalhei na saúde até o ano passado e sei a safadeza de vcs
    Pessoas com covid devem ser tratadas em hospitais de campanha e não em hospital comum e usarem tratamento preventivo como e feito em qualquer doente , tivemos com as medicações que a safada da OMS disse que não funcionava 11 milhões de curados com essas medicações em um ano de pandemia mas a imprensa so fala de ,300 e poucos mil mortes isso não representa nem 1% da população brasileira vcs políticos tem que tomarem vergonha na cara e fiscalizar os hospitais tem muita gente se beneficiando com essas mortes principalmente as TVs Band e Globo com o acordo bilionário que fizeram com a China que causou tudo isso

    • Rapaz, fizeram-lhe uma boa duma lavagem cerebral, hein? Fraudemia? Olha pro resto do mundo. O Brasil não é imune ao vírus e não fez a lição de casa. Compras de vacina tardias, propaganda de remédio ineficaz, festival de trocas de ministro da saúde, aglomerações constantes… até máscara, item há anos consolidado no combate a infecções, estão dizendo que não serve de nada. Qual a consequência disso tudo? Sai do whatsapp.

      • Rapaz, fizeram-lhe uma boa duma lavagem cerebral, hein?
        Sai da TV aberta e/ou por assinatura.
        O Brasil é o país que mais vacina no mundo depois dos que começaram a produzir vacinas, isto pq o país se antecipou aos fatos e logo se posicionou para aquisição de vacinas tão logo estivesse disponível.
        Muitas mortes poderiam ter sido evitadas se os remédios citados pelo Presidente fossem adotados e que são sabidamente curadores na condição inicial da doença. Inclusive os que vociferam contra estes remédios fizeram uso dos mesmos quando os próprios ou familiares contraíram o vírus; vide o responsável pela saúde pública de SP, o governador daquele estado, o governador do ES, atriz e filha (que disseram ter contraído malária no eixo RJ/SP) ente tantos. Conheço diversas pessoas de 20 a mais de 80 anos que se trataram com os medicamentos e sequer ficaram internados.

  2. Parabéns pela reportagem!

    Já comentei isto também neste blog.

    A cidade de Paris que é considerada a melhor cidade do MUNDO também tem morador de rua.

    Uma solução séria tratar eles humanamente e depois pagar a passagem de volta para terra deles ( isto não é preconceito )

    A maioria dos moradores de rua da cidade do Rio de Janeiro e da cidade de São Paulo são nordestinos e nortistas.

    Eles querem voltar para terras deles,mas estão em condições de miséria absoluta.

    Mas isto tem que ser feito devagar e humanamente.

Comente

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui