Crítica Teatral: O Prazer é Todo Nosso

Na peça O Prazer É Todo Nosso, em cartaz no Teatro Petra Gold, o segundo sexo agora é o primeiro, na crítica de Claudia Chaves

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“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado, que qualificam de feminino. Somente a mediação de outrem pode constituir um indivíduo como um Outro.”

Em 1949, Simone de Beauvoir publica a obra máster de definição do que deveria ser o papel da mulher, O Segundo Sexo, cujas formulações valem ,até hoje, para compreender velhas manobras patriarcais no atual período de alta tecnologia. Consciente da sua importância, do seu lugar de fala, Simone apresenta as questões, ainda são complexas , centrando a sua importância  em pensar que pode existir outra lógica além de homens dominantes e mulheres dominadas.

Juliana Martins,  no monólogo “O Prazer é Todo Nosso“, cria, a partir da própria vivência e do que  observa e constata da evolução feminina, um texto que mostra como houve uma virada de chaves, nos últimos dois anos, no universo das mulheres. O texto de Beto Brown consegue traduzir o que se considera relevante nessa mudança. Fica explícito que a força da chamada sororidade é cotidiana, pois as mulheres se tornam parceiras. E as histórias das experiências são escritas com leveza, acentuadas pela capacidade de Juliana de realizar o  personagem de si mesma.

Com direção de Bel Kutner, que cria um percurso para as  várias histórias que são apresentadas, dando a cada uma delas um tom peculiar, se os episódios são engraçados, divertidos, espirituosos. Em um peça cujo o mote é o sexo, as experiências, a diversidade de parceiros,  masculinos, pois o relato é heterossexual, a direção de Bel tira qualquer traço de vulgaridade e evidencia a paixão de Juliana/personagem pelos homens, nem que seja por uma noite apenas.

Para ficar claro que a mulher pode experimentar, variar encontros fortuitos, sem preconceitos, sem maiores freios, que acabam por ser  o resultado das vontades e desejos de uma mulher que entende que pode realizar o que quiser. Por isso, ser uma comédia, com as fatos apresentados com ironia e sinceridade, apoiada na cadeira vermelha, único elemento cenográfico, e no conjunto  meio sensual,  muito chique de cetim negro, é um acerto. O prazer é todo nosso é um acerto para mostrar que, mesmo quando não se nasce mulher, pode se tornar uma ótima mulher.

Serviço:
Dias 1, 8, 15, 22 e 29, sábados, às 18h
Vendas: https://bit.ly/3gMzDN0
Informações: www.teatropetragold.com.br

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Nota
Direção
Texto
Cenário, figurino, iluminação
Atuação
Jornalista, publicitária, professora universitária de Comunicação, Doutora em Literatura, Bacharel em Direito, gestora cultural e de marcas. Mãe do João e do Chico, avó da Rosa e do Nuno. Com os olhos e os ouvidos sempre ligados no mundo e um nariz arrebitado que não abaixa por nada.
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1 COMENTÁRIO

  1. Juliana Martins, é uma atriz muito talentosa além de bonita. Mas infelizmente nessa peça ela não se saiu tão bem, pouco conseguiu arrancar risadas da plateia, então comédia não é o forte dela. O cenário e figurino estavam ótimos, direção de Bel Kutner dispensa comentários. E pra piorar a situção achei de muito mal gosto ao final do espetáculo ela fazer questão de sinalizar sua preferência política, totalmente desnecessário e falta de respeito com o público que estava ali pra assistir um peça teatral. Se esse episódio tivesse acontecido antes do término da peça eu teria me retirado. Ninguém saiu de casa pra saber a escolha política dela. Saí de lá bastante chateada e também ouvi comentários a esse respeito.
    Acho que a casa deveria chamar a atenção dos atores a esse respeito.

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