Nem aulas remotas, nem presenciais: pais de alunos da Faetec reclamam de ensino durante a pandemia

Sem aulas ao vivo e com problemas no contato com os professores, estudantes enfrentam dificuldades com ensino a distância

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Foto: Divulgação/Faetec

O DIÁRIO DO RIO recebeu reclamações de pais de alunos da Faetec em relação à ausência de aulas remotas na instituição. De acordo com os responsáveis, os alunos possuem acesso à uma plataforma virtual, em que são disponibilizados materiais como apostilas e vídeos separados por série. No entanto, não há acompanhamento por parte da escola.

As reclamações foram realizadas por pais de estudantes do ensino fundamental II da unidade de Quintino (República) e do ensino médio da unidade Marechal Hermes (Visconde de Mauá). No dia 17/05, uma queixa similar foi noticiada no jornal RJTV1, da rede Globo, em relação ao ensino fundamental II, da unidade Marechal Hermes.  

Segundo os responsáveis de alunos da unidade de Quintino, as crianças e os adolescentes estão perdidos, pois desde o ano passado não há aulas on-line. A escola disponibiliza o conteúdo das matérias por meio de trilhas na plataforma virtual. As avaliações são postadas na plataforma ou por e-mail, mas os alunos precisam dar conta sozinhos do conteúdo a ser estudado e o contato dos alunos com a instituição é feito apenas por e-mail.

Apenas a professora de matemática tem realizado aulas remotas síncronas (ao vivo) pelo Zoom desde o final do ano passado. No entanto, a iniciativa de realizar as aulas ao vivo duas vezes por semana foi da própria professora, que criou um grupo no WhatsApp, onde são enviados os links das aulas. No mesmo grupo, a professora tira dúvidas dos alunos em relação à disciplina. 

Juliane Lima é mãe de uma aluna do 7º ano da unidade República (Quintino) e conta que apenas em algumas disciplinas sua filha consegue tirar dúvidas por e-mail com os professores. Com isso, diante da ausência de comunicação com o professor e a instituição, muitas vezes as dúvidas são retiradas entre as próprias mães. Ela também relata ter conhecimento de que está sendo viabilizada uma nova plataforma, mas que ainda não foi enviado pela Faetec nenhum direcionamento a respeito:

“Em relação ao acesso a essa nova plataforma, só fiquei sabendo porque estive na escola e o diretor falou que estavam sendo treinados para usa-la. Só soube porque fui a escola me informar. Torno a dizer, a gente pergunta por e-mail, as vezes eles não respondem ou a resposta é muito vaga”.

A responsável também fala que não há contato da escola com os pais, como por exemplo, realização de reuniões remotas por aplicativos. Com isso, as informações são obtidas apenas pelo o que é colocado no site e no facebook da Faetec.

“Eu perguntei se poderia fazer uma reunião on-line pelo Zoom com cada série para dar um parecer de que tudo que poderia ser feito. Mas nunca fui avisada de nenhuma reunião. Pelo o que eu sei, os pais nunca foram reunidos para dar um parecer do que vai acontecer. O que a gente sabe é o que colocam no site da Faetec, que teve reunião e os pais representantes foram. Só que até hoje não sabemos quem são os pais representantes”. 

Os pais também relatam que a dificuldade tem sido ainda maior para os alunos que ingressaram nos concursos de 2020 e em 2021 no 6º ano, devido a transição dos alunos do ensino fundamental I para o fundamental II. Essas crianças entraram direto no ensino remeto e não estão acostumadas com a quantidade de conteúdo relativo ao 6º ano, agora 7º ano. Com isso, alguns responsáveis acabaram tendo que buscar ajuda com um profissional de ensino particular, mesmo tendo a criança ingressado na instituição por meio de concurso público através de prova de conhecimentos. É o caso da Elisangela Estarneck, mãe da aluna Mayla Christie Estarneck, que ingressou na Faetec pela reclassificação no concurso em 2020.

“Você tem a trilha no blog e o material na plataforma da Faetec. No entanto, o professor está dando revisão de umas apostilas que não estão mais disponíveis no sistema, porque quando você entra, já estão com matéria do 7º ano, revisando material do 6º, que não está mais disponibilizado. Por isso, tive que buscar apoio para tentar me organizar com essas disciplinas. Gastar mesmo, financeiramente e pagar um reforço escolar no qual minha filha tem 2 horas de aulas diárias para tentar acompanhar esse conteúdo e fazer novas aulas e exercitar de verdade o conteúdo. Acho que a Faetec, que já foi referência no ensino, está deixando muito a desejar. As crianças estão largadas e desmotivadas, e a gente como responsável, já nem sabe mais o que fazer para tentar amenizar isso”.

Sobre o conteúdo disponibilizado na plataforma, Elisangela explica que a instituição de ensino também está deixando muito a desejar, devido à ausência de um canal efetivo de contato com os professores.

“Não é um conteúdo completo, faltam as explicações, os vídeos das trilhas são muito antigos com uma explicação bem antiga também, que não acompanha o entendimento, nem a necessidade que as crianças estão tendo das aulas on-line, que é um novo método de ensino tanto para as crianças, tanto eu acredito, para todos os pais também. E essa adaptação está muito difícil. E não tem o conteúdo necessário para o cumprimento da carga horária da série das crianças”.

O caso da responsável Aline Candido é ainda mais delicado. Um de seus filhos, Phelipe Candido, cursa o 8º ano do ensino fundamental II da unidade República e o outro, Thales Candido está no 3º ano técnico de mecânica na unidade Visconde de Mauá. Aline destaca que não tem o que reclamar em relação ao conteúdo. A responsável ressalta que o ensino da instituição sempre foi de excelência com aulas de disciplinas extras, que vão além do básico. No entanto, com a pandemia, até o momento, em nenhuma das duas unidades teve aula ao vivo para seus filhos, desde o ano passado.

“Minha maior preocupação é o terceiro ano e ensino médio técnico. Meu filho cursa mecânica e não está tendo aula nem on-line, nem prática. Nada. Somente pelo blog. Eles acessam o blog da Faetec, puxam a trilham e vão dando continuidade aos trabalhos, prova, tudo em casa. A escola não dá um parecer sobre as aulas práticas e todo esse tempo perdido. E a gente entra em contato com escola e não consegue retorno, porque os telefones não estão funcionando e o e-mail eles demoram muito para responder. O último e-mail que recebi foi em janeiro”.

A responsável também diz que chegou a ser cogitada a possibilidade de ofertar tablets para os alunos, mas a promessa não foi cumprida até então. Além disso, ela fala que as cestas básicas não estão sendo disponibilizadas a todos. Segundo a responsável, a nova gestão da Faetec disponibilizou apenas para quem é cadastrado no programa bolsa família e para quem preencheu um formulário disponibilizado no grupo de mães da unidade Visconde de Mauá do ensino médico técnico. Com isso, muitos alunos permanecem sem receber as cestas as quais teriam direito.

Em contato com a Faetec, a instituição informou que as aulas síncronas (ao vivo) estão sendo disponibilizadas em algumas unidades para todos os segmentos. Em outras unidades, as aulas síncronas estão na fase de transição. Entre as unidades que já se valem de atividades síncronas a instituição citou as seguintes: ETE Oscar Tenório; ETE Ferreira Viana; EEEF Henrique Laje, ISERJ, FAETERJ RIO; FAETERJ PARACAMBI, ETE PARACAMBI, entre outras.

A instituição também disse que está realizando a transição da plataforma do ano passado, que não comporta aulas síncronas para nova plataforma Google Classroom, em que será possível realizar as aulas ao vivo.

“As Unidades da Rede FAETEC estão migrando para a nova plataforma em paralelo com a capacitação dos docentes, desde o início das atividades letivas de 2021. A Rede conta com unidades que estão em pleno funcionamento das atividades síncronas, outras unidades se encontram em processo de transição, com previsão de término até final de maio”.

Sobre a unidade de Quintino, em especifico, a Faetec informou que embora ainda não tenham sido iniciadas as aulas síncronas, todos os componentes assíncronos já foram disponibilizados aos alunos.

“Os estudantes já foram cadastrados na nova plataforma e estão recebendo suas credenciais para primeiro acesso durante esta semana. Segundo o planejamento desta unidade, existem encontros síncronos com cada turma agendados já para esta semana.”

Já em relação ao ensino técnico, que depende de formação e aulas práticas em conjunto com as aulas teorias, a instituição afirmou que foi realizado uma consulta ao Conselho Estadual de Educação – CEE sobre a possibilidade de realizar aulas remotas também para as práticas delaboratório dos Cursos da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, que deu o seguinte parecer:

“O CEE esclareceu que as instituições de ensino poderão reorganizar suas dinâmicas de estágio, substituindo a vivência em espaços reais, por ações laboratoriais práticas desenvolvidas pela e na instituição de ensino, incluído ambiente virtual. Para tanto, foi solicitado um pronunciamento das Coordenações Técnicas, juntamente com os docentes e equipe pedagógica da Unidade de Ensino, sobre a análise de todos os componentes curriculares eminentemente práticos que compõem a Matriz Curricular, a possibilidade da execução dos mesmos ainda no ensino exclusivamente remoto, por meio de estratégias diferenciadas e posterior emissão de Parecer devidamente fundamentado; considerando os dados citados, diversas atividades pedagógicas compensatórias estão ocorrendo de forma remota“.

A Faetec também pontuou que eventual carga horária quee precise ser cumprida de forma presencial, deverá ser realizada em momento posterior, com a devida segurança.

“De acordo com avaliação técnica, a Carga horária, que por ventura, deverá ser realizada de forma iminentemente presencial, será cumprida após o retorno das atividades presenciais, considerando a existência de todas as garantias de um retorno seguro, de forma prioritária, e com planejamento específico para esse atendimento”.

Atualização em 27/05/2021:

Sobre a divulgação de novo calendário de aulas da unidade República e os kist de alimentação, a insitituição enviou nota informando o seguinte:

“A Faetec confirma que o calendário da Escola Fundamental República será divulgado no dia 1º de junho. A fundação informa também que, inicialmente, os kits de alimentação serão destinados às famílias em estado de hipossuficiência. Entretanto, a gestão está estudando a ampliação da concessão das cestas”.

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Costa do mar, do Rio, Carioca, da Zona Sul à Oeste, litorânea e pisciana. Como peixe nos meandros da cidade, circulante, aspirante à justiça - advogada, engajada, jornalista aspirante. Do tantã das avenidas, dos blocos de carnaval à força de transformação da política acreditando na informação como salvaguarda de um novo tempo: sonhadora ansiosa por fazer-valer!

3 COMENTÁRIOS

  1. Esta não é a questão. Existem professores que querem dar aula online inclusive substituindo as aulas presenciais, mas existem alunos que não tem acesso a computador ou a uma Internet que garanta a aula online. Por outro lado vemos um grupo que não deseja que estas aulas ocorram e ficam criando barreiras para evitar que ouros outros professores o façam. não podemos nem lançar as notas dos alunos nas avaliações até terça fal aula presencial.

  2. Um absurdo ! Em todos os segmentos da educacao básica! Não tem nada na instituição! Falida! Vê que não teve e não houve planejamento para as aulas remotas! Terceirizados foram mandados embora sem receber, os efetivos, tbm não mostram desempenho para dar aulas! Uma instituição tão conceituada mas vazia de ensino verdadeiro!

  3. Ha! Uma demonstração de que o funcionário estável não quer trabalhar não… pandemia pode continuar pra sempre que gostosamente ficará em casa recebendo. Os alunos que se lasquem. Os incentivos são todos errados, por isso necessitamos da Reforma Administrativa!

    Pra quem acha que é caso isolado… lembre do video da discussão com palavrões da UNIRIO que caiu no zapzap ano passado… salvo engano a reunião era pra discutir retorno às aulas, nem que fossem remotas e tal… com o xingamento a reunião acabou e nada se decidiu por um bom tempo… devem ter dado graças a Deus!

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