Moradores da Rua Baltazar Lisboa, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, no trecho localizado bem em frente ao Shopping Tijuca, vêm relatando momentos de terror em função de invasões e depredações a um imóvel abandonado, localizado nó número 6 da via.
Quem vive na rua, conta que a sensação de insegurança aumentou muito na área por conta desses delitos. Segundo os residentes, desde o final de abril, pessoas invadem diariamente o prédio, que durante anos abrigou um salão de beleza de 4 pavimentos, para saquear as mercadorias que ainda estão dentro do local.
Alguns vizinhos da propriedade relataram ao DIÁRIO DO RIO que o imóvel pertence à Caixa Econômica Federal e que se encontra fechado há quatro anos. Mesmo sem fiscalização dos donos, ele estava devidamente lacrado. Os invasores conseguiram arrebentar as grades de uma janela lateral, à porta principal e deram início aos roubos.
Nada escapa da ação dos criminosos, que há quase um mês danificam o prédio com marretas, serras elétricas e furadeiras, quase sempre na madrugada para não chamar atenção. Eles buscam, entre outros itens, canos de cobre, fios da eletricidade, além de portas e janelas de alumínio. Carcaças de eletroeletrônicos como computadores e impressoras também são alvos da quadrilha.
Os moradores afirmam que durante o dia, uma espécie de reconhecimento de objetos de valor que ainda podem ser levados, é feito por membros do bando. Para não levantarem suspeitas, a fachada do antigo salão está relativamente intacta, mas nos últimos dias, contam os moradores, os marginais não fazem mais questão de ter qualquer tipo de cerimônia ou constrangimento, destruindo à frente da construção.
“Eles arrancaram todas as janelas de alumínio da parte da frente e da parte de trás do imóvel depois de quebrarem os vidros acordando todo mundo 3h 4h da manhã. Agora saem com materiais aparentemente menos valiosos. Cadeiras velhas, pedaços de alumínio qualquer. Tudo está sendo saqueado. Até o teto de gesso foi arrebentado“, diz uma testemunha que pediu para não ser identificada.
Desde então, os prédios e casas da rua Baltazar Lisboa começaram uma corrida para colocar concertina, alarmes e câmeras nas suas portas, numa tentativa de inibir a atuação e permanência do grupo na rua. Mas sem sucesso. Eles seguem na frente dos imóveis e fazendo a ‘ronda habitual’.
“Até o momento, me parece que o local não tem sido feito de moradia. Até porquê o muro é relativamente alto. Somente homens pulam pra dentro do imóvel. Quando há presença de mulheres, elas ficam do lado de fora com os carrinhos de supermercado aguardando os itens saqueados”, conta um residente da rua.
Quem vive nesse pedaço de Vila Isabel, conta que casa ao lado do número 6, que também estava fechada para ser alugada foi invadida na mesma semana de abril em que o velho salão foi assaltado. Nada foi levado. Os meliante, ao que tudo indica, arrombaram para averiguar o que o imóvel possuía de valioso. Os vizinhos alegam que não houve nova tentativa de invasão nesse imóvel porque os donos apareceram e trancaram tudo e reforçaram as trancas.
Acionada por quem mora na imediações, a polícia afirmou que não pode interceder sem ser chamada pelo dono do local.
“A polícia vem e não faz nada. Diz q não pode entrar no imóvel já que o dono não está presente com as chaves da porta e dizendo que a casa foi invadida. Eles comparecem quando são chamados com certa rapidez, mas chegam na porta e tocam a sirene só para assustar. Os bandidos param o quebra quebra e logo depois recomeçam. Ultimamente eles não tem nem parado de quebrar quando a polícia está aqui na porta. A PM diz q está de mãos atadas nessa história”, disse um outro residente que preferiu anonimato.
Indignados com a situação, os moradores também dizem já terem entrado em contato com a Caixa Econômica Federal, dona do lugar, por diversas oportunidades, mas que até agora situação não foi resolvida.
“Eles já sabem o que está acontecendo desde a primeira semana, mas até agora nada fizeram. Disseram que iriam mandar um técnico pra avaliar a situação do imóvel. Parece que um técnico de uma empresa terceirizada veio aqui na semana do dia 10/05, mas até agora não enviou um relatório com a sua análise para o departamento da Caixa responsável pelo imóvel. Eles precisam finalizar essa burocracia para tomar uma decisão”, diz outro morador que também não quis se identificar, ele completa.
“Enquanto não acabarem os itens que podem ser saqueados, eles não vão parar. Eles não tem nada a perder e ninguém para os impedir. Estamos em um momento muito difícil para todos, mais difícil ainda para essas pessoas à margem da sociedade. Mas a baderna também não pode se instalar. A sensação que temos é de total abandono”, completou.
Para piorar, quem mora no quarteirão diz que a Baltazar Lisboa ficou sem luz 1 semana, com postes queimados. Eles também dizem que bueiros de esgoto foram roubados desde o final do ano passado e até hoje não foram repostos.
A vizinhança do prédio invadido diz que já entrou em contato com Subprefeitura da Tijuca, através do 1746, mas que até agora, nenhuma satisfação foi dada.
A Caixa Econômica Federal, que anuncia a venda do imóvel na internet por mais de 1 milhão e duzentos mil reais, informou que “para aumentar o nível de segurança do imóvel, firmará parceria com as instâncias de segurança pública do município visando resguardar o imóvel de possíveis invasões“, mas não deu um prazo para o início da ação.
Já a Subprefeitura da Tijuca se limitou a dizer que “Invasão à edificação privada, particular, cabe ao proprietário acionar a polícia. Não é uma demanda da alçada da subprefeitura. Precisa acionar a polícia”.
“Sobre iluminação danificada, bueiros destampados podem reportar os problemas, indicando endereço, pela central de atendimento da Prefeitura do Rio, pelo 1746 e o acompanhamento também deverá ser feito pela central.”
Finalmente uma página que entende da geografia da cidade! Aquilo ali sempre foi Vila Isabel, mas a massa gosta de dizer que é Tijuca.