Em meio à crise hídrica que foi anunciada no Brasil pelo Governo Federal, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nesta terça-feira, 29/06, o reajuste na bandeira tarifária vermelha patamar 2. A cobrança extra passou de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 kWh consumidos.
A conta fica mais cara, porque com os reservatórios de água não tão cheios, a energia elétrica precisa ser gerada pelas termoelétricas, que gastam bem mais no processo de geração de energia.
“O sistema é nacionalizado, então, sim, o Rio de Janeiro sofrerá esse aumento na conta de luz. As autoridades falam em crise hídrica, falta de chuvas. Choveu menos que o esperado este ano, mas choveu o suficiente para abastecer os reservatórios. O problema é a degradação das bacias hidrográficas. Quem garante água doce é a floresta, que retém água que cai das chuvas. Com essas florestas sofrendo desmatamento, menos água é retida e os reservatórios ficam com menos capacidade para a geração de energia“, explica Adacto Ottoni, professor associado do departamento de engenharia sanitária e do meio ambiente da UERJ.
Adacto explica, ainda, que a degradação das bacias hidrográficas causam problemas também no período das fortes chuvas: “Quando chove menos, acontece essa dificuldade para encher os reservatórios e quando chove mais temos tragédias causadas pelas chuvas. Tudo por conta da destruição destas florestas, que ajudam a reter a água que cai nas chuvas”.
O valor mais alto na conta de luz poderá ser ainda maior a partir de agosto. A Aneel decidiu que irá fazer um novo reajuste, no qual deverá aumentar os valores das sobretaxas mais uma vez. A tendência é que, o valor da bandeira vermelha 2 suba para próximo de R$ 11,50, o que seria uma alta superior a 80% em relação aos R$ 6,24 cobrados atualmente.
Para que não passemos mais por esse problema, o professor Adacto Ottoni sugere que seja feito um reflorestamento das bacias hidrográficas e também um sistema de capitação artificial de águas “não é caro fazer isso. O que falta é vontade política. Por isso, a população paga a conta de luz mais cara”.