Ediel Ribeiro: A Porta

Colunista do DIÁRIO DO RIO dá suas impressões sobre o livro 'A Porta'

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‘A Porta’ (Intrínseca – 256 pags.) da húngara Magda Szabó, é a história impossível de duas mulheres, uma escritora e a sua criada, na sua impossibilidade de conviver e se comunicar.

Lançada em 1987, ‘A Porta’ – vencedor do prêmio Fémina de melhor romance estrangeiro em 2003 – foi adaptado para o cinema por Iztvan Szabó, em 2012.

A história centra-se na relação conturbada da narradora, Magda, uma escritora com traços da própria Magda Szabó, e sua empregada, a velha Emerence.

Recomendada por uma vizinha de Magda, Emerence logo estabelece as regras de convivência entre as duas: “Eu decido se fico ou não”; “E não lavo roupa suja de qualquer um”, esclareceu a mulher que limpava várias casas do bairro.

Trabalhadora e dona de uma energia incrível para a sua idade, chamava de preguiçosa qualquer um que tivesse um trabalho que não exigisse esforço físico. Casos de Magda e do marido, um escritor que parece inspirado no marido de Szabó, Tibor Szobotka, escritor e tradutor de James Joyce e George Elliot.

De poucas palavras, Emerence não lê jornais, não ouve notícias, tem aversão a política, despreza religião e não confia em ninguém. Ninguém passa pela porta de sua casa. Seu passado é um mistério que Szabó vai revelando aos poucos a partir de uma frase de Magda logo no início do livro. “Eu matei Emerence”.

A frase da escritora vai fazendo sentido à medida que o romance avança e vai tomando conta do leitor. Estão envolvidos na trama, além da escritora e sua empregada, seu marido, três velhas amigas de Emerence, um sobrinho, uma prostituta misteriosa e um cachorro, que Magda e o marido encontram abandonado na neve numa noite de Natal, a quem Emerence chamará de Viola, embora o animal seja um cão.

A chegada do cão e a doença do marido de Magda irão aproximar as duas mulheres. Mesmo tendo personalidades distintas, com o passar do tempo começa a rolar uma afeição entre elas.

Valendo-se de clássicos como ‘Eneida’, ‘Medéia’, a ‘Bíblia’, a filosofia de Schopenhauer, a poesia eslava e o cinema de ‘E O Vento Levou’, Magda constrói um livro que põe à prova o leitor obrigando-o a encarar sua relação com o outro, com Deus, a política, a arte e a criação literária.

A chave da porta de Emerence é a chave de toda a história?

Vale a pena dar uma espiada pelo buraco da fechadura de ‘A Porta’, romance escrito por Magda Szabó, poeta, ensaísta, memorialista e romancista húngara que morreu em 2007, aos 90 anos.

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Jornalista, cartunista, poeta e escritor carioca. É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG) e Diário do Rio (RJ) Autor do livro “Parem as Máquinas! - histórias de cartunistas e seus botecos”. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) dos romances "Sonhos são Azuis" e “Entre Sonhos e Girassóis”. É também autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty", publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ), desde 2003, e criador e editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!"

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