Um cartunista me encanta. É Céllus.
Céllus (de Marcelo, pseudônimo dado pelo amigo Walter Serrano) é bom em tudo o que faz. Cartum, charge, histórias em quadrinhos, ilustração… E tem um humor negro inteligente e bem peculiar.
Nascido em Belém e radicado em São Paulo, Jorge Marcelo Monteiro de Souza, o Céllus, 52 anos, é cartunista, chargista, ilustrador e editor.
Influenciado pelos artistas Miró, Paul Klee, Saul Steinberg e Robert Rauschenberg, iniciou sua carreira em Belo Horizonte, em 1983, aos 13 anos, publicando quadrinhos no ‘Diário da Tarde’, a convite do chargista Renato Aroeira.
Em setembro de 1986, Céllus mudou-se para São Paulo e apresentou a tira ‘Grilos’ a Luiz Fernando Emediato, então diretor do ‘Caderno 2’, do ‘Estado de São Paulo’, que resolveu publicá-la.
De início, sem espaço na página de quadrinhos, Emediato publicou as tiras em outra seção do jornal.
Um dos colaboradores da página de quadrinhos era Henfil, que publicava alí a Graúna, os Fradinhos e seus personagens oriundos da Caatinga. Pouco tempo depois, Henfil foi hospitalizado para tratar da hemofilia – mal que ele e os irmão padeciam a muitos anos – e teve que suspender as publicações.
Emediato, então, propôs ao cartunista ocupar o espaço do Henfil.
“Uma oportunidade pela qual sou muito grato. Aquilo era um desafio considerável, tanto por substituir o genial Henfil, como pelo espaço físico que a tira ocupava na página, correspondente a três tiras, o que comumente se chama de prancha e é publicado normalmente aos domingos nos suplementos de quadrinhos. Eu tinha que produzir não uma tira, mas uma pequena história todos os dias” – disse.
A tirinha, em preto e branco, apresenta as aventuras de uma turminha cheia de “grilos” na cuca: Pelicano (na verdade, um flamingo com problemas de personalidade e uma homenagem ao cartunista Pelicano); Fasta Pasta, um pigmeu; Boris Panda, um urso de pelúcia piromaníaco e Pesadelo, um monstro com problemas de autoestima por ser feio, fez tanto sucesso que, mesmo com o retorno de Henfil à seção de quadrinhos, Céllus ganhou espaço próprio na página, ao lado do ídolo, que durou de 1986 a 1988. A tira retornou em 2014 e uma antologia com material das duas fases está sendo preparada pelo autor para virar livro.
De 1989 a 1994 publicou charges e ilustrações no ‘Estadão’. Em 1995, antes do advento da internet, editou um fanzine digital distribuído no formato de disquete, contendo quadrinhos e matérias sobre artes, cartuns e música.
De 1996 a 1999, passou a residir em Belo Horizonte, onde colaborou como ilustrador para o jornal ‘Diário da Tarde’. Em 2000, retornou a São Paulo e passou a colaborar como chargista e ilustrador para os jornais ‘Estado de São Paulo’, Folha de São Paulo’, ‘Estado de Minas’, ‘Diário do Comércio’, ‘Gazeta Esportiva’, ‘O Pasquim)’; e revistas como ‘Exame’, ‘Veja’, ‘Você S/A’, ‘Superinteressante’, ‘República’, ‘Nova Escola’, ‘Galileu’, ‘Globo Rural’, ‘Mac+’, ‘Playboy’, ‘Bizz’, ‘VIP’.
Em 2018, editou a revista de humor e cultura ‘Crokodilo’. Atualmente, tem se dedicado mais à produção de charges para um livro e ao trabalho de editor. Prepara a edição brasileira do livro ‘Masterpiece Comics’, do cartunista americano Bob Sikoryak, a ser lançado em 2021.
Céllus é também um dos cartunistas brasileiros que fazem parte de um ensaio produzido pelo fotógrafo Paulo Vitale.
Cartunista autodidata, neurótico e viciado em café e nanquim – os dois sem açúcar. Segundo ele próprio, tem o hábito metafísico de começar a existir somente após às 10h.