O FRIO DA SERRA
O vento que sopra gelado
Sobre as gotículas que levantam
Da pequena corredeira caem sobre a
Pele do seu rosto ou sobre a cobertura
De nossa confortável e afável barraca.
Aqui o frio da madrugada não irá
Vencer os meu braços a aquecer o
Seu pequeno e composto corpinho,
Cheiro de carinho, dormir de conchinha.
Não tem música para acampamento,
Mas o som infindável do riozinho que corre,
Como se fosse chuva no vidro da janela
somente para fazer a gente dormir.
Meu amor, como tenho saudades de
Te ter presente, um presente que brota
Dos ramos de qualquer das árvores
das montanhas ou das estrelas estampadas
Sob o lençol preto que é a noite de lua
Nova no sertão ou na serra de grotão.
Sinto muita pena de que hoje, não te abraço,
Para dormir, mas não sinto solidão,
Apesar de estar bem mais frio aqui
para dormir nesse chão.
(D.R. Lumiar, 08/2021)
MONTESQUIEU IN NOMINE PATRIS, ET FILII, ET ESPIRITUS SANCTI.
Pelo amor de deus, Montesquieu,
Aonde a compaixão ou a empatia
Morreu? Sobre quais fundações
Os freios e contrapesos foram instalados?!
Não faltaram vergalhões, gruas ou guindastes,
ou atolaram todos na lama? Eu continuo aqui
Afogado até o pescoço, de barro, só com
o braço para o alto, segurando O Espírito
Das Leis.
Teria você perdido uma queda de braço
com e para Maquiavel?
Que rei seria eu? coitados
Dos Zés Ninguéns…
A balança da justiça, que não tira o tampo
dos olhos, parece um barco viking de parquinho,
Qualquer hora ela vai acabar vomitando,
Sem nenhum freio político ou moral,
O quê é contrapeso mesmo?!
Ah sim, o elevador despencando do
22o. andar.
Só deus na causa, a queda é fatal, não adianta
dar seus pulinhos.
Lincoln, o Abraham, não o Continental,
não tinha uma estória: do povo, pelo povo e
para o povo?… Você queria dizer o quê mesmo
com isso?! Me esqueci, pena que estás morto!
Reverendo, pastor, papa, a justiça divina tarda?
Estou esperando morrer para concebê-la.
Orem por nós, ora pro nobis in nomine
patris, et filii, et espiritus sancti.
Amém.
(D.R. Rio, 08/2021)