Maior festival de xadrez do planeta, a política fluminense segue mexendo suas peças. A nomeação, nesta segunda-feira (30), de Bruno Kazuhiro (DEM) como titular da pasta de Turismo de Eduardo Paes (PSD) é mais um tijolo numa possível construção de aliança entre o prefeito do Rio e o vereador Cesar Maia (DEM). Kazuhiro é ligado aos Maia, mas, até um pedaço de 2021, era Secretário de Infraestrutura de Claudio Castro (PL) – tendo ingressado no governo Witzel como um quadro do DEM.
O tabuleiro é claríssimo, embora ainda insípido. Paes precisa de um candidato para chamar de seu. E o nome, em princípio, seria o de Felipe Santa Cruz (OAB), que no passado chegou a ser candidato a vereador do Rio pelo PT. A conjuntura pode unir os laços. Santa Cruz poderia compor a chapa com Maia. A questão é simples: com os nomes colocados na disputa ao governo do estado há um vácuo de nomes fortes no centro. Por isso, o governador Claudio Castro (direita Bolsonaro) está, nesse momento, locupletando-se desse flanco, listando-se entre os primeiros nas sondagens feitas recentemente.
Quando, por exemplo, no monte de pesquisas que são despejadas por aí, o general Hamilton Mourão (PRTB) é escalado, Castro sofre queda abrupta. Não é o Mourão em si, mas uma peça perfeita naquele encaixe mais centro, não necessariamente ligada a Bolsonaro, que vem estilingando a candidatura do governador.
Da ala da esquerda, que está estonteando a molecada – “afinal, sou PSOL ou sou Freixo”? – essa possível divisão, que inclui o PT, caso Lula não aprove uma aliança com o PSB no Rio, e lance candidatura própria, pode facilitar a ascensão de um nome moderado de centro.
Não se pode esquecer: Cesar Maia teve 2,3 milhões de votos para o senado em 2018 e só perdeu a vaga para Arolde Oliveira na onda Bolsonaro que tomou conta do país. Maia segue nome forte, com recall, tem trabalho a mostrar em seus legados como prefeito do Rio. Seria, possivelmente, sua última jornada majoritária. O patriarca dos Maia faz um mandato como vereador em cenário de calmaria.
Anthony Garotinho, que deve ser candidato a deputado federal, ainda não decidiu para que lado vai. Forte no interior, especialmente no Norte Fluminense, seu maior reduto, é outra peça fundamental no jogo.
Kazuhiro, 33 anos, trabalhador e de enorme trânsito político, pode ser a primeira das peças nas quais Maia/Rodrigo Maia põe no tabuleiro para a construção de uma aliança poderosa.
Eduardo Paes, habilidoso, está de olho em todos os movimentos. Na mesma medida em que segue com boa relação com o governador Claudio Castro, conversa com Freixo, Maia e Felipe Santa Cruz. Paes sabe que o tempo, em política, é valoroso. Sua rejeição na eleição de 2020 foi suplantada pela de Crivella. Nada impede que Cesar Maia tenha o mesmo destino. Afinal, terá pela frente Freixo ou Castro.