Andréa Nakane: A arte de garimpar riquezas

Colunista do DIÁRIO DO RIO conta a história de Giuseppe Zani e sua relação com o universo dos livros e das palavras

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Giuseppe Zani, 42 anos, morador de Laranjeiras é natural de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, mas desde 2004 está na cidade do Rio de Janeiro, sua formação inicial de jornalista comprovou desde cedo sua relação com a comunicação, com especial encanto pelo universo dos livros e das palavras.

Por isso mesmo, Giuseppe Zani investiu esforços em um mestrado na área de letras e sempre esteve de alguma forma envolvido com o meio editorial. Durante 15 anos trabalhou com patrocínio cultural no sistema Petrobras, acompanhando eventos literários, projetos editoriais e coordenando editais para bolsas de criação literária e, no último ano, foi responsável pela coordenação de projetos de leitura no Instituto Estação das Letras.

Então em meio as transformações ocorridas em todo o mundo, Giuseppe Zani ganhou mais coragem e ousadia e decidiu dar asas intensas ao seu propósito de vida de trabalhar com livros… assim nasceu o Jacaré Livros.

O espaço evoca ser um centro que vende encontros, conversas e cultura letrada nos mais diferentes gêneros em sua tangibilidade física: o livro.

Durante muito tempo os sebos, como são conhecidos os espaços comerciais que disponibilizam, sobretudo, livros usados, mas também discos, CDs, DVDs, revistas, gibis, entre outros produtos culturais, foram alvos de muitos preconceitos e até mesmo desinteresse. Hoje, em outro momento, percebe-se uma real valorização desse tipo de negócio, tornando-o inclusive um exemplo de atividade sustentável, que visa reintroduzir produtos, já formatados, em um novo ciclo de vida, permitindo seu uso mais extensivo e porque não dizer também mais inclusivo, além de possibilitar a garimpagem de títulos já raros.

“Algumas pessoas falam da livraria como ato de resistência. Eu acho que tentar qualquer coisa nesse momento do país já é um ato de resistência, mas especialmente com cultura e livros. Apesar de muita gente ter um prognóstico negativo do mercado de livros, da economia da atenção, das redes sociais e das pesquisas de leitura, claro que existe um mercado para o livro, para um perfil de leitor que busca um preço mais em conta ou mesmo um senso de comunidade em torno desse objeto”, pondera Giuseppe Zani.

Inicialmente montada no ambiente online, a livraria projetada por Giuseppe Zani ganhou território físico e a escolha de seu nome por si só já lhe renderia uma boa crônica.

“Os primeiros nomes que surgiam eram meio “pois é”, autoirônicos demais, daí pensando em vitalidade comecei a repassar nomes de animais e minha filha cismou com jacaré. Eu adorei. Tem uma sonoridade muito forte e engraçada, com duas vogais bem fortes e abertas e imediatas (“já” e “é”) e tem aquele ditado de que o jacaré choca os ovos com os olhos, que eu acho que tem muito a ver com a ideia da leitura. A leitura que dá o sentido ao texto, que fecha o ciclo do livro. Desde então, a realidade brasileira só tratou de trazer novos atributos positivos ao nome. E o livro e a cultura são questionadores de tudo isso que está acontecendo.” relata Giuseppe Zani.

Ele conta, ainda, que seu acervo vem principalmente por compra e doação de pessoas físicas que chegam até sua curadoria por conta do boca-a-boca, das divulgações entre amigos e nas redes sociais, meio essencial para ampliar seu portfólio e atrair novos consumidores. Inclusive títulos infantis estão também na mira do Jacaré, pensando até mesmo na formação de novos leitores.

Assim como em outros negócios, Giuseppe Zani também buscou a praticidade e funcionalidade das vendas por meio de canais digitais e tem parte do seu acervo disponível na Estante Virtual, além de propagar suas vendas também pelo Instagram e pelo Facebook, além do atendimento mais personalizado pelo whatsapp.

“O Rio por toda sua história e pela expressão cultural que possui, tem um repertório potencial muito interessante. Poderia ter uma adesão maior das pessoas com essas livrarias, claro. Talvez as livrarias pudessem melhorar em algum aspecto, não sei. Hoje em dia também tem muita coisa entesourada na nuvem, que é outro tipo de experiência. E mesmo a experiência de consumo tem sua dimensão cultural.” preconiza Giuseppe Zani.

Quem quiser visitar a loja física, que atende de terça à sábado, das 11h até às 17h, é só chegar na Rua das Laranjeiras, 21, loja 18, bem perto do Largo do Machado, com fácil acesso em função de estações do Metrô próximas. Ou seguir as redes sociais para ficar antenado com as novidades que frequentemente são somadas ao empreendimento. Instagram: @jacarelivros / Facebook: https://www.facebook.com/sebojacare ou pela homepage: jacarelivros.com.br

Infelizmente os brasileiros ainda tem uma relação pouco tímida com a leitura, sobretudo com os livros. É importante que cada vez mais políticas públicas e privadas idealizem projetos de incentivo para que o hábito de leitura seja não só criado, mas também renovado. Ler amplia horizontes em todas as suas formas, permitindo que cada um de nós ganhe não só conteúdos relevantes, mas compreenda de forma lúdica e ao mesmo tempo pragmática, a beleza existente na vida.

Qual foi o último livro que você leu? Não se lembra… Que tal começar a ler um livro nesse fim de semana? Aquela sua última aquisição que está largada na estante… aquela dica de um colega… enfim… leia e surpreenda-se com a riqueza que terá em suas mãos!

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lapa dos mercadores 2024 Andréa Nakane: A arte de garimpar riquezas
Andréa Nakane é carioca, apaixonada pela Cidade Maravilhosa, relações públicas, professora universitária, Doutora em Comunicação Social e Mestre em Hospitalidade.Embaixadora do RJ. Vive há 20 anos em Sampa e adora interagir com pessoas singulares que possam gerar memórias afetivas construtivas.

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