Em muitos momentos nos cobramos demais sobre as nossas escolhas e esquecemos que para elas darem certo, para nós atingirmos nossos objetivos, muitos fatores que não dependem de nós, como as condições sociais, são cruciais para atingirmos o êxito esperado. E eu, como morador da Zona Oeste do Rio de Janeiro (região marcada pela desigualdade), tive muitos desafios no processo que me tornou o vereador mais jovem do campo progressista.
Entretanto, não posso partir apenas das dificuldades que encontrei, sabendo que muito dos privilégios que tive foram primordiais para o meu sucesso. Tive a alegria, em 2014, no Coletivo Tudonumacoisasó, de reunir jovens que compartilhavam o mesmo sonho: “diminuir os abismos que impossibilitam, todos os dias, milhares de pessoas a se desenvolverem”. E com eles, decidi que a minha vida seria lutar para reduzir as distancias sociais, econômicas, religiosas, de gênero e raciais que marcam a história da nossa tão hesitante e jovem democracia.
Compreendendo os fatores que me trouxeram aqui e que ajudaram na efetivação das minhas escolhas, preciso ser grato e honrar, com muito empenho, as oportunidades que me foram dadas. E dessas, uma das que mais tem me motivado é a chance de escrever uma coluna no “Diário do Rio”. E no espaço que me foi concedido, utilizarei para expor a ideia de que precisamos modificar o pensamento de organização e estruturação da nossa cidade, para possibilitar que sonhos e expectativas, não só de uma pequena parte privilegiada, se concretizem.
O planejamento e a condução das políticas públicas no Rio de Janeiro são, historicamente, pensados a partir de uma lógica de cidade vitrine, que se vende, não atendendo as verdadeiras necessidades da população. Precisamos, urgentemente, pensar o nosso município olhando para os trabalhadores e trabalhadoras, que passam horas dentro do transporte público, tanto para chegar aos seus locais de trabalho quanto para os seus momentos de lazer.
No entanto, obviamente, essa minha utopia não é excludente. A minha pretensão é agregar os pontos e trazer qualidade de vida para as pessoas que aqui habitam. Acredito, drasticamente, que a construção de um município mais acessível é uma obrigação para qualquer político, não importando a sua origem, ou até mesmo o seu ponto de vista ideológico.
Por esses motivos, que irei detalhar mais profundamente em artigos futuros, que eu convido leitores e leitoras a acompanhar os meus textos. Espero, sinceramente, ser abordado na câmara e nas ruas sobre as minhas idealizações, meus sonhos e meus projetos, com o diálogo sempre fraterno que eu pretendo pautar a minha conduta na vida pública.
Serei leitor assíduo da coluna. A lógica da cidade partida é um traco da desigualdade social brasileira que precisa ser imediatamente extirpada. Estamos falando de vidas de milhões de pessoas, não há tempo a perder mais.