Mate ou Morra integra uma série de filmes que usam como plot principal da trama o lance, muitas vezes batido, de viagem no tempo e reconstituição de realidades. Partindo desse princípio é de se imaginar que o longa, dirigido por Joe Carnahaz, beba na fonte de obras antigas e recentes do cinema, como o clássico Feitiço do Tempo e os mais atuais, “Looper – Assassinos do Futuro” e “A morte te dá Parabéns”, mesmo com a projeto de “Mate ou Morra” já tendo mais de uma década de desenvolvimento, quando os irmãos Chris e Eddie Borey apresentaram a ideia a Carnahan.
O filme acompanha a história de Roy Pulver (Frank Grillo), um ex-agente das forças especiais que se vê forçado a reviver o dia de sua morte inúmeras vezes. Ele acorda sendo perseguido por assassinos e, de uma forma ou de outra, acaba sempre morrendo no final. Enquanto luta para chegar ao fim do dia com vida, Roy descobre uma mensagem de sua ex-esposa (Naomi Watts) revelando o envolvimento do cientista Ventor (Mel Gibson) nesse ciclo mortal e percebe que a sua família também corre perigo.
Posto isso, é preciso dizer que “Mate ou Morra”, mais do que um filme com algumas sequências de ação de tirar o fôlego e bons alívios cômicos, tem atuações que convencem, sobretudo de Frank Grillo. O ator com seu carisma na medida, conhecido sobretudo pelos trabalhos na franquia “Uma Noite de Crime” e por interpretar o vilão “Ossos Cruzados” na saga da Marvel é, de fato, o grande destaque. O interesse romântico de Grillo, Naomi Watts, não chega a brilhar, mas não compromete. Típico caso de “muita atriz” para “pouco filme”. Já Mel Gibson parece bem à vontade para dar vida ao grande vilão da trama, para ele parece tão fácil como respirar, mesmo fazendo o básico.
Todos esses atores combinados fazem a trama render e prender a atenção, especialmente pelo aspecto de videogame que o filme joga na cara do expectador a todo momento, com Roy (Grillo), enfrentando personagens, cenários e fases dignos dos jogos “arcade”, aqueles retros e clássicos dos anos 80/90, como Street Fighter e Double Dragon. Aliás, as referências e homenagens aos games é feita a todo momento, seja na estética, no estilo de filmagem e nas coreografias das lutas.
A impressão que dá, é de que “Mate ou Morra” se sairia melhor como jogo de fliperama da infância do que como filme, mas mesmo diante desta constatação, vale a pena conferir mais uma bom filme de ação lançado nessa retomada dos cinemas em meio à pandemia.
* O DIÁRIO DO RIO assistiu “Mate ou Morra” a convite da Imagem Filmes.