Recentemente o ex-prefeito e futuro vereador do Rio de Janeiro, Cesar Maia, fez uma análise de como poderão ser as eleições para 2014 em nosso estado. Para ele o quadro poderá ser bem diferente de 2010, com um PT e PMDB separados (Pezão e Lindbergh são pré-candidatos fortes) e uma oposição se fortalecendo.
Ex-Blog: O que 2012 preparou para a política do Rio daqui para frente?
Cesar Maia: Costumo sempre, ao olhar para frente, primeiro dar uma olhada para trás. Paul Valéry tem uma frase muito boa para os dias de hoje, que se aplica bem: “Agora temos um novo futuro”. O ano terminou com o binário PMDB-PT enfraquecido no Rio e seus parceiros não abriram um novo vetor de força.
Ex-Blog: Mas como? O PMDB venceu disparado no primeiro turno, na Capital.
CM: Aliás, nenhuma novidade. Reeleição de governo que tem pelo menos uma avaliação sofrível é certeza. Vide Porto Alegre e Belo Horizonte. Até o Conde –sem mobilidade e sem comunicabilidade- abriu 10 pontos no primeiro turno e só perdeu o segundo na véspera da eleição.
Ex-Blog: Mas a oposição teve um resultado pífio.
CM: Do ponto de vista porcentual dela em si, é verdade. Mas meus cálculos partem dos enormes espaços abertos pelos que estão no poder para a oposição em 2014. A começar pelo dia seguinte da eleição, quando o PT e o PMDB anteciparam que tem candidatos a governador em 2014. Ou seja, se é assim, serão um casal na prefeitura da Capital dormindo em quartos separados. Não era assim durante 2012. É agora. E nós apresentamos nossos nomes da nova geração a milhões de pessoas. Semeadura…, certamente. Em SP isso não ocorreu.
Ex-Blog: O que 2014 trará de vantagem para a oposição?
CM: Primeiro, teremos uma eleição presidencial competitiva. Se em 2010 o PT levou um susto no início do segundo turno, imagine agora com a perda de controle do Congresso pela Presidenta, com a economia patinando e com as vísceras do PT expostas. Lula era Santo em 2010. Nestes dois anos ele foi desbeatificado. Um quadro diferente. A puxada competitiva da oposição em nível nacional alavancará as candidaturas dos governadores vinculados e, com isso, maiores bancadas federais. No Rio especialmente pela sua importância na eleição presidencial.
Ex-Blog: Quem será o candidato do DEM em 2014 a governador?
CM: Depende da bússola nacional. Qual será a nossa Meca? Confederar o DEM para 2014? Convergir organicamente com o PSDB, passando uma borracha em 2010? Ter candidato próprio para levantar a legenda e a bancada federal? Olhar para 2012 e avaliar novos vetores com ascensão nacional? Antecipar o inevitável processo de afunilamento partidário em longo prazo? Apostar na dispersão de 2012, em que o partido com mais votos proporcionais chegou a apenas 11% no Brasil? Nos próximos meses a bússola nacional nos estará orientando.
Ex-Blog: E sua participação?
CM: Meca continua a leste. Sendo minoria na câmara municipal tudo fica mais fácil. Minorias fazem política para fora dos parlamentos. Maiorias para dentro. O uso das redes ajuda muito a fazer política para fora. Em vez de emitir só dos escritórios que uso hoje, emitirei também do plenário da Câmara. E com mais…, estrutura. Em 2005 falavam de um prefeito virtual. De uns poucos anos para cá isso passou a ser um diferencial: quem não faz está fora do jogo. Serve para a política, para o jornalismo, para as relações pessoais, para as empresas, para o entretenimento…, para quase tudo. Como comecei na frente –primeiro blog de políticos do país- a experiência me facilita muito. E mais, algo que me motiva muito: sou assessor de política internacional da presidência do DEM/FLC, vice da IDC e da UPLA. Darei continuidade a este trabalho.
Ex-Blog: Uma mensagem de final de ano.
CM: Umas semanas atrás reli “Os sofrimentos do jovem Werther” de Goethe (1744) que abriu o ciclo do romantismo. Difícil destacar um só pensamento de suas cartas. Mas vai lá um: “Os tolos não veem que não é o lugar (posição) que importa. Aquele que ocupa o primeiro raramente desempenha o papel principal. E quem é então o primeiro? É aquele que possui poder ou astúcia suficientes para empregar todas as suas forças e paixões na execução de seus planos.”