Veronica Marcilio, 46 anos, carioca, moradora de Bangu, professora de literatura, em parceria com seu amigo livreiro, Demézio Batista, 55 anos, amantes da leitura e sonhadores compulsivos, decidiram, juntos, democratizar o acesso aos livros em locais de menor poder aquisitivo como em comunidades carentes e escolas públicas na cidade do Rio de Janeiro.
Assim nasceu o Favelivro em 2012, que já beneficiou cerca de 50 comunidades e mais de 30 escolas públicas, possibilitando maior facilidade ao acesso à leitura e de outras formas de cultura literária, como contação de histórias, rodas de bate papo, distribuição de livros gratuitos, apenas para citar algumas atividades vinculados ao projeto.
Veronica Marcilio, que atua como curadora do projeto, explica que as comunidades interessadas em acolher um ponto do Favelivro devem sinalizar o interesse, além de sugerir um local e uma personalidade para batizá-la.
O projeto fica, então, responsável por montar à biblioteca, fornecer o acervo inicial de 1.000 livros dos temas mais variados, além de intermediar o contato com o nome sugerido para ser patrono e organizar a inauguração oficial.
A autonomia da gestão da Favelivro, posteriormente é conferida as pessoas solicitantes, que zelam por toda a operação e cuidados necessários. Para todas essas ações, Veronica Marcilio relata que não há nenhum tipo de apoio, nem público e nem privado, e que sem dúvida alguma isso ocorresse poderiam ampliar as unidades da Favelivro.
Ao todo já foram inauguradas nove unidades da Favelivro: Biblioteca José Mauro Vasconcelos na comunidade Vai Quem Quer, Biblioteca Sergio Buarque de Holanda na comunidade Ipiiba, Biblioteca Hélio De La Peña Complexo do Caju, Biblioteca Luis Erlanger na Comunidade Vila Kennedy, Biblioteca Fernanda Abreu Comunidade do Faz Quem Quer, Biblioteca Luciana Savaget no Morro do Querosene, Biblioteca Flávia Oliveira no Morro da Congonha, Biblioteca Sandra Sá em Acari e Biblioteca Paulo Betti na Barreira do Vasco.
A próxima inauguração já está agendada para o próximo dia 27/11 em Higienópolis no Complexo do Manguinhos, tendo como patrona, a jornalista e escritora, Miriam Leitão, que fez questão de fazer uma grande doação de livros para compor esse acervo que irá carregar seu nome.
”As pessoas me perguntam se eu gosto de ler… e eu enfaticamente, digo Não! Não gosto de ler, porque gostar é pouco. Eu simplesmente ADORO ler”, brinca com toda seriedade Veronica Marcilio.
E, é claro, que a gente não iria deixar passar a oportunidade de indagar a Veronica Marcilio que ela nos desse uma dica de leitura. Para os adultos, a recomendação de Veronica Marcilio é Abuso, da também jornalista Ana Paula Araújo, da editora Globo Livros e para o público infantil, Na Minha Janela, de Otávio Júnior, da Companhia das Letrinhas.
Quem quiser acompanhar esse grandioso projeto pode seguir as redes sociais do @favelivro e ficar por dentro de todas as atividades. É preciso agradecer entusiasticamente à Veronica Marcilio e Demezio Batista por esse nobre trabalho, que tem possibilitado novos olhares e ampliação da consciência cidadã e humana de tantos que estavam à margem da riqueza extraída dos livros.
Afinal, como já foi versado por Jorge Luis Borges, e progressivamente aferido por muitos ”o paraíso seria um tipo de biblioteca”, e em tempos tão difíceis, em redutos tão desiguais, ter o Favelivro é um verdadeiro oásis transformador de mentes, corações e almas! Que a multiplicação desse projeto seja sem moderação alguma e que possamos cada vez mais ser uma cidade de leitores vorazes e felizes.