Testemunha dos mais variados acontecimentos culturais e políticos no Centro do Rio e ponto de encontro dos foliões durante o carnaval, o Amarelinho da Cinelândia, é o mais novo bar a receber a placa de patrimônio cultural carioca. Neste sábado (20/11), durante a reinauguração do espaço ao público, após longos meses fechado devido à pandemia, o secretário municipal de Planejamento Urbano, Washington Fajardo, e a presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, Laura Di Blasi, entregaram a placa ao novo dono do estabelecimento, que agora faz parte da rede de bares Belmonte, Antônio Rodrigues.
“Os patrimônios afetivos da nossa cidade são sempre muito frágeis. Dependem de atenção e empenho coletivo, público e privado. Especialmente no Centro do Rio, abandonado pela administração anterior e duramente atingido pela pandemia, o Amarelinho não resistiu. O Centro do Rio é um local de trabalho, de negócios, de trabalhadores, e com o Reviver Centro voltará a ser um lugar de morar. Um centro de 24 horas por dia. A reabertura do Amarelinho pelas mãos do Antônio Rodrigues é uma demonstração da recuperação da força e da vitalidade da área central. O Amarelinho é uma das caras do Centro. Um bem cultural tombado. Um bar ao lado da política, numa praça de liberdade e de reivindicações. Alegria e crítica juntos. Típico do Rio“, afirma o secretário de Planejamento Urbano, Washington Fajardo.
O bar está localizado no térreo do número 55 da Praça Floriano, a famosa Cinelândia, que já chegou a ser considerada como a “Broadway Brasileira”, pois ali se localizava a maioria dos cinemas e teatros da cidade. O prédio de paredes amarelas é considerado um dos primeiros arranha-céus da cidade e é tombado pelo município desde 1989. Com a entrega da placa, o Amarelinho passa a integrar o Circuito dos Botequins, que visa identificar os locais característicos e tradicionais da boemia, afirmando o significado destes locais para a cultura carioca. O Amarelinho da Cinelândia é o 28º a figurar nesta relação, que conta com bares de tradição como Bar da Portuguesa, Casa Paladino, Bar Adonis e Adega Pérola.
“Conceder uma placa de patrimônio ao Amarelinho é para nós uma honra e uma obrigação. Ele não é só um bar. Fundado em 1921, ele é um ícone da boemia e da cultura carioca. Seu fechamento mexeu com o coração dos cariocas e da cidade e a placa serve, de certa forma, de comemoração pela sua reabertura“, diz a presidente do IRPH, Laura di Blasi.
Para Antônio Rodrigues, novo dono do Amarelinho, é necessário ação para que pontos importantes da história da cidade não se acabem. “Lugares como o Amarelinho, o Bar Brasil, Fiorentina e tantos outros não podem acabar. E, não podemos esperar só pelo poder público. Nós que ganhamos dinheiro nessa cidade, precisamos ajudar.Os tempos são difíceis, mas eu acredito muito no Centro da cidade. Cada um precisa fazer sua parte”.
A reinauguração do Amarelinho tem show de Moacyr Luz e o Samba do Trabalhador, além de chope de graça (pelo menos até os cem barris disponibilizados pelo bar não se esgotarem).
Também compareceram ao evento: o Secretário de Cultura, Marcus Faustini; o Subprefeito do Centro, Leonardo Pavão; o Gerente Executivo Local do Centro, Rodrigo Moitrel e o sambista Moacyr Luz.
Circuitos do Patrimônio Cultural Carioca
Desde 2010, os Circuitos do Patrimônio Cultural Carioca começaram a ser feitos por temas que valorizem o patrimônio cultural. Os circuitos deixaram de ser focados em arquitetura e passaram a abranger temas livres, ligados à cultura e à identidade carioca. Por meio da fixação de uma placa informativa, a Prefeitura do Rio seleciona locais de destaque para cada tema. Em cada placa, os visitantes podem saber um pouco mais sobre o local e sua importância para a história da cidade e para o tema em questão.
São 21 circuitos com bens culturais espalhados por toda a cidade. Entre os circuitos, temos: Liberdade, Art-Déco, Cinemas, Trem, Botequins, Águas, Samba, Bossa Nova, Praça Tiradentes, Herança Africana, Choro, Negócios Tradicionais e outros.