Finalmente, chega às livrarias a edição 2021 do livro: “Marighella: o guerrilheiro que incendiou o mundo” (Companhia das Letras – 736 págs.), escrito pelo biógrafo Mário Magalhães.
Magalhães, o autor, é um jornalista nascido no Rio de Janeiro, em abril de 1964. Trabalhou na ‘Tribuna da Imprensa’, ‘O Globo’, ‘Estado de São Paulo’ e ‘Folha de São Paulo’. Recebeu cerca de vinte prêmios e menções honrosas no Brasil e no exterior, entre eles o ‘Esso de Jornalismo’ e o ‘Vladimir Herzog’.
Mesmo com todos os atrasos, o livro de Mário Magalhães veio na hora certa. É um livro importante. A história de Carlos Marighella, tão frenética quanto surpreendente, precisava ser contada.
No Brasil atual, qualquer tentativa de reacender a chama e a essência da luta de esquerda contra o autoritarismo, o racismo, a LGBTQIAP+fobia, a anti-cultura e a ideologia neoliberal genocida do governo é bem vinda e de muito bom tom.
O livro, que registra a trepidante trajetória e a vida tumultuada e aventureira do militante comunista Carlos Marighella, está dividido em três partes: a primeira busca as origens de Carlos Marighella. Fala da história de seus pais, seu nascimento, em 1911, na Bahia, passando por toda a sua militância na juventude; registra a célebre prova de física respondida em versos no Ginásio da Bahia, publica seus poemas e termina com sua saída da prisão em 1945, depois de sete anos.
A segunda começa nesse momento, passa por sua eleição como deputado constituinte em 1946, a morte de Getúlio em 1954, as denúncias de Kruschev em 1956, chegando até as vésperas do golpe de 1964.
A terceira parte – e maior de todas – que começa no golpe e vai até sua morte, em 4 de novembro de 1969, conta, em detalhes, como foi o período durante a ditadura, suas passagens pela prisão, o seu contato com os cubanos, a repressão ao movimento de 64, a saída do PCB e a formação da ALN, entre outros fatos.
O autor levou nove anos para reconstruir a história de Carlos Marighella, entrevistando 256 pessoas. Pesquisou em documentos históricos e garimpou alguns fatos inéditos. Trata-se de um livro de fôlego, repleto de revelações surpreendentes sobre figuras de nossa história recente.
Ao contar a história pessoal de Marighella – respaldado em pesquisas, documentações, entrevistas e registros fotográficos – o livro acaba traçando um painel mais amplo, apresentando a história dos movimentos radicais de esquerda no Brasil e no mundo. Anticlerical, Marighella teria sido defensor precoce dos direitos das mulheres.
Menino em Salvador, filho do ferreiro e imigrante italiano Augusto Marighella, e da negra malê liberta Maria Rita, Marighella era um mulato de porte atlético, estudante de engenharia, irreverente, brincalhão e poeta. Preso na Ilha Grande, em Fernando de Noronha, foi admirador de Stalin e Prestes. Transformado em inimigo público nº 1, após o assalto ao trem postal pagador da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí.
Para obter recursos para a luta armada, assaltou bancos e praticou outros atos de terror político. Na era Vargas, sofreu perseguições e torturas e continuou sendo perseguido no regime militar.
A vida de Marighella cruzou com figuras de destaque na cena nacional e internacional, como Fidel, Getúlio Vargas, Che Guevara, Carlos Lacerda, Luiz Carlos Prestes, Carlos Lamarca e integrantes do meio cultural, como Jorge Amado, Portinari, Dias Gomes e outros.
Magalhães, nos abre os arquivos desse personagem polêmico revelando, em mais de 700 páginas de tirar o fôlego, suas histórias que duraram aproximadamente quatro décadas. Começa nos anos 30, no coração de Salvador , na Bahia e vai até o final dos anos 60 – em 4 de novembro de 1969 – no centro de São Paulo, dia em que Carlos Marighella morreu, desarmado, numa emboscada patrocinada pelo temido delegado Sérgio Paranhos Fleury.
Em “Marighella”, Mário Magalhães, não pinta Carlos como um guerrilheiro urbano romântico, nem tão pouco como um temido terrorista. Falando sobre o livro, Magalhães salienta: “Esse livro não é uma hagiografia, promovendo o personagem principal, ou um libelo de oposição a ele. E sim uma reportagem que escrutina seus triunfos e tropeços, grandes e pequenos, os altos e baixos próprios da espécie humana. Ninguém precisa amar ou odiar Marighella. Mas é difícil ficar indiferente ao seu épico”.
Sou grato pela internet hoje possibilitar o acesso à vários lados da informação para poder formar uma opinião.
Levantam a bandeira de um homem como se ele fosse um herói do Brasil, assim tentaram fazer de Dilma.
Já encontrei diversos registros que mostram o contrário. Enquanto alguns tentam espalhar suas ideologias, eu prefiro me manter sóbrio mas ainda respeitando o verdadeiro direito de se expressar.
Bom dia. Prefiro John Rambo 1 de Sylvester Stallone, adéqua-se ao conceito de Desobediência Civil proposto por Mahatma Gandhi. Creio que Desobediência Civil não é um ato romântico ou egocêntrico. Desobediência Civil exige responsabilidade.
Desobediência civil pregada por Gandhi se adequa ao ocidente (??)
A resposta honesta diz que não. E não porque o comportamento oriental donde se origina não é (e nem passa perto) do que praticado no ocidente.
Logo, alguns movimentos pacifistas depois de muito ver que não tem resultado, no ocidente, cedem à chamada tática black bloc.