Caminho por uma estrada,
dessas onde se pisa em cristais,
em malacacheta,
em terra vermelha,
em pedras esfarelando ferro.
Trecho de caminho,
não leva a lugar algum.
Vales e montanhas
confundem a vista.
Lá atrás, serras azuis.
Aqui, só pedras e árvores, retorcidas.
Um silêncio imenso.
Apenas entrecortado,
por meus passos.
Fazem chiar as pedras.
Nas bordas dessa estrada,
segredos guardados.
Há tempos não vistos,
por olhos de cobiça.
Pepitas.
O passo resvala.
Uma pedra solta vai cair mais adiante.
Revela belo cristal,
futuro enfeite na escrivaninha.
A me acompanhar,
passadinhas ofegantes,
de dois cachorros vagabundos.
Poeira deixada para trás.
Escondidos na mata,
pássaros enviam seu canto desconfiado.
Paisagem imutável,
que traz lembranças de criança,
nas Minas Gerais.