Muita gente não sabe, mas o dia 22 de dezembro de 1959 mudou para sempre a história de Ramos, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. Isso porque, há exatos 62 anos, a pacata Peçanha Povoas, uma das inúmeras ruas residenciais da região, foi cenário de uma queda de avião. Por mais inacreditável que possa parecer, é isso mesmo que você está lendo, e trata-se de um dos maiores acidentes aéreos da história do Brasil.
Na ocasião, um avião comercial Vickers Viscount, da hoje extinta Viação Aérea São Paulo (Vasp), partiu de Brasília, no Distrito Federal, tendo como destino final Natal, capital do Rio Grande do Norte. No entanto, antes de pousar no Nordeste, a aeronave fez escala em SP e faria também no RJ.
Acontece que, quando já se encaminhava para o pouso em solo carioca, o Viscount se chocou com um Fokker T-21, aeronave de pequeno porte pertencente à Força Aérea Brasileira (FAB) que havia saído de sua base no Campo dos Afonsos, na Zona Oeste, para um treinamento.
O avião, então, perdeu a direção e acabou caindo sobre a área do número 22 da Peçanha Povoas, matando 26 passageiros, 6 tripulantes e ainda 10 pessoas que estavam em suas casa pela redondeza, segundo informações do jornal da época ”Diário de Notícias”.
Para relembrar esse trágico e ao mesmo tempo marcante acidente, o DIÁRIO DO RIO foi até o local. Para Carlos Henrique Correia, que morou por cerca de 20 anos na rua e era criança na época, o ocorrido gera lembranças até hoje.
”Eu estava em casa e ouvimos aquele barulho. Daí, logo viemos correndo, eu e minha mãe, ver o que tinha acontecido, e nos deparamos com aquela fumaça saindo, muita gente em volta. Foi uma cena desesperadora. Ajudamos a dar água com açúcar a algumas pessoas. Lembro que era um consultório dentário no local e falaram que tinha uma pessoa na cadeira. É impossível esquecer”, conta.
Já Luiz Antônio Viana, morador da Rua Professor Lacé, que fica a menos de 1km dali, recorda de uma história que ficou sabendo pouco tempo depois. ”Contaram que uma mulher, devido ao barulho que estava se aproximando, botou a cabeça para fora de casa para ver o que estava acontecendo. Daí, foi justamente quando o avião caiu e explodiu. Falaram que só sobrou a cabeça dela e nunca acharam o corpo”, diz.
Vale ressaltar que, da mesma forma que naquela época, a Peçanha Povoas continua mantendo seu estilo sossegado. No local onde ocorreu o acidente, há uma residência hoje em dia. O DIÁRIO DO RIO tentou falar com os proprietários, mas ninguém atendeu ao chamado.