Imagine a cena: madrugada do dia 2 de janeiro e um carro dispara a buzina numa pacata rua residencial do Cosme Velho, acordando os moradores que descansavam após as comemorações do ano novo. O veículo, um automóvel Uno Mille vermelho, placa LAS1751, estacionado em local proibido há semanas, sendo usado como depósito de bebidas pela barraca Kiko Lanches, que fica na Praça São Judas Tadeu, ao lado da Estação de Trem do Corcovado. Acionadas, a Guarda Municipal (GM) e a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) não compareceram ao local.
Verídico, o episódio ilustra o descaso do poder público com os vizinhos do principal monumento turístico da nossa cidade maravilhosa. No começo de 2021, a Prefeitura do Rio instalou placa de sinalização no começo da Rua Efigênio de Sáles, que fica coladinha à Estação de Trem do Corcovado, afirmando que o acesso de veículos à via (sem saída) é proibido – exceto para moradores e carros de serviço. O cidadão, que paga suas contas e tem um dos IPTUs mais altos do Rio graças à vizinhança do Cristo Redentor, pensou: “agora a Guarda Municipal vai orientar os motoristas incautos que acessam a rua e insistem em estacionar em local proibido e vai acabar também a venda de vagas na rua por guardadores de carro que chegam a cobrar R$ 100 dos turistas”. Doce ilusão.
O que se viu ao longo de todo o ano de 2021 – e nos primeiros dias de 2022 também – foram veículos de passeio e vans de turismo, com estacionamento não autorizado de acordo com a sinalização, parados em local proibido, inclusive em portas de garagem. Motoristas em carros com logotipo do Hotel Nacional marcam presença diariamente na Rua Efigênio de Sáles. Sem falar na ação dos famosos flanelinhas que, segundo o 1746, são problema da Polícia Militar. E de quem é o problema do estacionamento em local proibido? Dos moradores… Quando abordados, os guardas municipais dizem que os moradores da rua precisam se unir para fechar a via com cancela, transferindo para eles o ônus da falta de fiscalização da Guarda Municipal.
São infrutíferos os pedidos de moradores por reboques para retirar veículos estacionados em local proibido. E, sempre que há alguma reclamação sobre a ação (ou falta de) da Guarda Municipal, os mesmos moradores sofrem tendo seus carros multados apesar de estacionados corretamente, até com contas de consumo no para-brisas para comprovar o direito de parar na via. Uma vez que a rua não está no sistema Rio Rotativo, não existe a exigência do cartão morador e os moradores são obrigados, sim, a expor seus endereços em contas de consumo nos para-brisas. E, como a rua não tem câmeras, se torna difícil recorrer e mostrar à Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) que nenhum morador estaciona no lado ímpar, proibido a todo e qualquer veículo. Assim, vencem as multas fake e forjadas…
A questão atinge os limites de morador que tem duas multas no mesmo dia e no mesmo número da Rua Efigênio de Sáles, com diferença de apenas dois minutos entre uma e outra – mas mesmo esse absurdo é insuficiente para garantir o deferimento de recurso na SMTR. Eis que 2022 chega com aumento de mais de 10% no IPTU… E com pedidos reiterados para que o Cristo Redentor olhe para os moradores do Cosme Velho, desamparados pelo poder público aos seus pés.
O que diz a Guarda Municipal
Procurada para comentar o assunto, a GM informou que ”a rua possui, sim, restrições de estacionamento” e que ”a denúncia foi encaminhada para a Subdiretoria Técnica de Trânsito (Subtran) da Guarda para que seja verificada”.
Já em relação ao ocorrido no último domingo (02/01), a GM disse que ”a reclamação foi realizada por meio da Central 1746 e uma equipe foi enviada ao local, mas não foi constatada irregularidade passível de aplicação de multa”.
Cara, isso aqui é muito “Jornal de condomínio” onde a tia do 402 anota a placa do carro que fez barulho e liga pra GCM, e sem sucesso fica p#ta e faz textão imprime e cola no hall do elevador “aguardando providências”
Rindo muito, continue assim…
“Moradores do Cosme Velho sofrem com ‘descaso’…”
Sugestão: Se mudem para a Pavuna, Penha, Méier ou baixada fluminense. Lá não tem esse “descaso” que vocês reclamam…
Esse jornal é o mais bairrista q já vi.