Andréa Nakane: Artes Singelas, Afetivas e Poderosas

Colunista do DIÁRIO DO RIO fala sobre a professora Valéria Cristina, que há tantos ensina, mas também dedica-se a conhecer mais o artesanato

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Valéria Cristina Pinto de Oliveira, 53 anos, carioca, moradora do bairro de Marechal Hermes, é professora, que há tantos ensina, mas também, não deixou de desenvolver seu lado de aprendiz, e desde que encontrou no Artesanato, um ofício milenar prazeroso, que valoriza a incrível criatividade manual do ser humano, dedica-se a conhecer mais e mais esse segmento.

Valéria Cristina teve seu primeiro contato com os trabalhos manuais como uma forma de passatempo, que a ajudavam a preencher as horas vazias e até mesmo lhe permitia controlar sua ansiedade, já que ela teve esse diagnóstico confirmado e, posteriormente, percebeu como sua dedicação ao artesanato, tornou-se um grande aliado no processo de seu maior equilíbrio emocional. Porém, sua entrega a essa atividade se deu em função de uma promessa, não realizada.

“Um dia lembrei de uma promessa que me fizeram e nunca cumpriram: ganhar uma boneca de pano. Decidi, então, eu mesma realizar esse meu desejo. Corri atrás de vídeos e moldes. Arrumei o dinheiro para os tecidos e ornamentos e coloquei a mão na massa. Vendi algumas com a ajuda de algumas pessoas, mas como sou muito inquieta quis tentar outra possibilidade, então, me aventurei no feltro e no patch apliquê. Também vendi bastante. Fiz chinelos decorados, panos de pratos pintados à mão, Biscuit, quadros decorados com materiais recicláveis e agora, estou focada no bordado livre.”, relata Valéria Cristina.

Ela relata que o estímulo inicial era de se presentear, porém os elogios e encomendas começaram a surgir, fazendo com que explorasse a atividade também como receita doméstica complementar.

Valéria Cristina lembra que suas maiores inspirações vieram de seu próprio núcleo familiar: a mãe e sua avó.

A mãe de Valéria Cristina dedica-se a arte do crochê e do bordado, gosto, esse, que acabou lhe sendo transmitido por sua mãe, como se fosse uma tradição, que passa de geração para geração.

E o artesanato na atualidade também está alinhado com todas as questões de sustentabilidade, além de configurar como referência para a economia criativa.

“A minha Arte é a arte da Transformação. Não é lindo você reciclar uma garrafa ou um CD que iriam para o lixo transformando-os em peças únicas de decoração?!! Não é incrível transformar um risco em um pedaço de pano, usando linhas, em um quadro ou almofadas?!!” declara Valéria Cristina.

Como todo trabalho artístico, há grande demanda para a sensibilidade e um olhar que seja livre para aventurar-se por criações sem restrições. Valéria Cristina, ainda confessa, que como quase todo artista, a hora de expor e comercializar suas peças são temidas, já que ela acredita não ter potencial para as vendas, o que fez seu filho, que mora em Portugal, no período da pandemia, investisse na criação de uma conta no instagram, @atelievalearte, com direito até a logomarca, para servir de vitrine e espaço para compras de suas peças. Antes desse período, ela contava com o apoio de uma amiga que se encarregava dessa ação, mas foi preciso buscar outros meios para divulgação e a tecnologia acabou se tornando uma grande aliada, sendo então possível levar sua arte para onde a requisitarem, no país e no mundo.

Além de serem adquiridas como adornos e usos próprios, as peças oriundas de um artesão, acabam também despertando o interesse como itens de presentes, que fogem da linha comum da industrialização e remetem a algo mais intimista, que acaba, até mesmo sendo mais valorizado e agregado de maior emoção.

Valéria Cristina é autodidata e afirma que tudo que aprendeu foi acompanhando tutoriais pelos streamings disponíveis, inclusive essa é a dica para quem pretende deixar-se encantar pela prática do artesanato, que pode além de propiciar muita satisfação, ampliar a renda familiar, tão comprometida no momento.

E como a vida se torna mais plena, quando sonhamos, Valéria Cristina, ambiciona ter um veículo, tipo Kombi, adaptá-lo como um ateliê e percorrer o Brasil todo, levando a sua arte para outras pessoas e realizando, assim, um verdadeiro intercâmbio de técnicas e guias vinculadas ao artesanato.

Em pleno século XXI, em um dos momentos mais difíceis vividos em sociedade, é possível acompanhar o interesse cada vez mais latente, por peças artesanais, que além de demonstrar o dom de pura criatividade, de forma customizada, sem uma confecção em série, oferece meios de inserção econômica, nos quais geralmente, há ainda as tratativas responsáveis pelo uso de materiais em sua elaboração, colaborando para práticas do mais genuíno desenvolvimento sustentável.

Para muitos que já exercem essa habilidade, as horas dedicadas ao ofício, remetem a um encontro consigo, utilizando-se desse tempo para contribuir com mais beleza e graça à vida, que tem em si respaldos de pura arte, basta sabermos como manuseá-la.

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Andréa Nakane é carioca, apaixonada pela Cidade Maravilhosa, relações públicas, professora universitária, Doutora em Comunicação Social e Mestre em Hospitalidade.Embaixadora do RJ. Vive há 20 anos em Sampa e adora interagir com pessoas singulares que possam gerar memórias afetivas construtivas.

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