O governo do Rio tem seguido firme no propósito de vender o patrimônio público da cidade para a iniciativa privada. Nos últimos anos de governo, diversos equipamentos públicos foram vendidos sem consulta à população e sem a menor preocupação com a destinação pública dos mesmos.
Estamos a cada dia presenciando o crescimento da especulação imobiliária, com áreas públicas em regiões nobres da cidade, sendo entregues à iniciativa privada, aumentando o adensamento dos bairros. Enquanto isso, parte da história arquitetônica da cidade vai para baixo dos escombros, dando espaço a imponentes espigões.
Sim, a modernidade precisa chegar e equipamentos públicos não podem ficar ociosos, sem utilidades. Importante o governo pensar, que equipamentos públicos devem ser disponibilizados para atender a coletividade e mesmo que seja destinada para outra atividade do estado, não deve perder a sua função pública. Em meu entendimento, o patrimônio do estado deve ser preservado e não vendido.
Em mais de oito anos como vereador desta cidade, por diversas vezes, levei estas questões a plenário. Sou contra a venda de bem público. Tenho diversos projetos de lei em tramitação, que impede a entrega de nosso patrimônio à iniciativa privada. Difícil obter êxito, quando o governo se mobiliza para cumprir o seu intento de dilapidar o patrimônio público.
Os equipamentos da Polícia Militar tem sido a bola da vez no bota abaixo do governo. Mês passado, com muito pesar, presenciamos em Plenário da Câmara de Vereadores o meu projeto de lei, que evitaria a demolição do Quartel General da PM, na Rua Evaristo da Veiga, no Centro do Rio, ir ao arquivo, acabando com as poucas chances de manter o prédio histórico intacto. Construído em 1740, o prédio tem uma importância histórica enorme para a cidade. Entre 1832 e 1839 foi sede do Corpo de Guardas Permanentes, comandado por Duque de Caxias, e foi lá que foram plantadas as primeiras mudas de café na cidade. O QG já foi também morada de duas ordens religiosas, e serviu de apoio às primeiras tropas brasileiras que foram lutar pelo país na Guerra do Paraguai.
A lista oficial de prédios que serão esvaziados nos próximos meses inclui, além do QG, o 6º BPM (Tijuca) e uma parte do 2º BPM (Botafogo), que, juntos, somam 21 mil metros quadrados. Todos são ilhas de espaço no meio de bairros densamente ocupados. São regiões, que sofrem com problemas de trânsito, péssima conservação das vias, bem como degradação ambiental. A área verde destes bairros está em risco recorrente vive correndo risco. De vez em quando árvores centenárias também estão sendo vítimas do bota abaixo do governo. Cito como exemplos, a centenária Assacu da Rua Pompeu Loureiro, em Copacabana e as árvores da Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema.