“É de bom tamanho, nem largo nem fundo/É a parte que te cabe deste latifúndio”, diz um poema de João Cabral de Melo Neto, musicado por Chico Buarque na canção “Funeral de um Lavrador”. A triste narrativa, artisticamente retratada por dois grandes da cultura brasileira, é a realidade de muitas pessoas enterradas no Cemitério do Caju, localizado na região central do Rio de Janeiro. O DIÁRIO DO RIO recebeu fotos e informações sobre uma série de covas rasas, muito mais rasas que a medida definida por lei na cidade. Em alguns casos, os caixões chegam a aparecer.
De acordo com determinação da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, as sepulturas devem ter a profundidade mínima de 1,55m, o comprimento de 2,20m e a largura de 0,80m.
Contudo, como pode ser visto nas imagens obtidas pelo DIÁRIO DO RIO, a situação é bem diferente e a norma não está sendo respeita no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju.
“As pessoas estão sendo enterradas sem respeito, sem dignidade. Só aumenta nossa dor”, disse um parente de alguém que foi sepultado recentemente no cemitério.
Procurada pela reportagem, a Concessionária Reviver, responsável pelo Cemitério, declarou que:
“A Concessionária Reviver tem investido na construção de gavetas verticais, como manda o decreto Decreto Municipal Nº 39.094/2014, que estabelece condições para sepultamentos mais condizentes com a preservação do meio ambiente. A ordem é que não sejam mais usadas covas rasas até 2025. Elas serão substituídas por jazigos sociais.
As fotos exibidas na reportagem são antigas, de julho do ano passado. Foi um período de chuvas muito intensas que acabaram afetando algumas covas rasas. A área foi imediatamente aterrada e as sepulturas revitalizadas. Hoje se encontram em bom estado.
A Concessionária Reviver não foi procurada para prestar esclarecimentos sobre o fato. Equipes da Concessionária revisaram novamente toda a extensão onde estão localizadas as covas rasas e não há sepulturas com erosões. Este é um trabalho contínuo da Reviver. Estamos também sempre à disposição da imprensa para quaisquer esclarecimentos”.
As fontes ouvidas pelo DIÁRIO DO RIO garantem que as fotos presentes na matéria são recentes.