Rio de Janeiro vive hoje um dos momentos mais esplêndidos de sua história, por força dos eventos que sediará em breve, sobretudo a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Diversas intervenções estão sendo realizadas na cidade, muitas delas obras de infraestrutura que serão um legado expressivo para a população carioca no pós-Jogos.
Dentre estas obras, destaco algumas que estão reorganizando o sistema de transportes do Rio, como o corredor BRT Transoeste, já em operação, ligando os bairros de Campo Grande e Santa Cruz à Barra da Tijuca, e a implantação da linha 4 do metrô, que ligará Ipanema, na zona sul, à Barra da Tijuca.
Apesar da magnitude das transformações que estamos vivendo com a implementação destes projetos, até bem pouco tempo atrás não havia ainda uma definição de como estes dois modais – BRT e metrô – iriam se interligar. O BRT Transoeste termina no Terminal Alvorada, na região central da Barra, enquanto que a estação do metrô está sendo construída no Jardim Oceânico, no início do bairro.
Neste trecho, entre Alvorada e o Jardim Oceânico, ao longo do eixo mais comercial e dinâmico da Avenida das Américas, onde há uma grande concentração de condomínios eshoppings, Estado e Município ainda divergiam do que realmente seria feito. Havia dúvidas se o metrô avançaria em sua extensão natural por dentro do território da Barra, ao longo da Avenida das Américas, até o Terminal Alvorada, possibilitando a construção de mais cinco ou seis novas estações à linha 4 do metrô, ou se a solução seria inversa, se estendendo o BRT Transoeste do Terminal Alvorada até o Jardim Oceânico, com iguais cinco ou seis estações do sistema de ônibus articulados.
É claro que a primeira opção seria a melhor para a Barra e para a cidade. Em termos de capacidade, o metrô transportaria por hora um número muito maior de passageiros em comparação ao BRT, além de termos a certeza de que o sistema atenderia a demanda da região pelos próximos vinte ou trinta anos, mesmo que os custos para sua implantação sejam igualmente muito superiores ao do BRT.
Não foram poucos os que apontaram o metrô como a solução ideal para o trecho Alvorada – Jardim Oceânico. Parlamentares, técnicos metroviários, engenheiros da área de transporte, presidente de associações de moradores e representantes da sociedade civil organizada, em diversos momentos, ao longo dos últimos dois anos, tem se manifestado pela preferência ao projeto do metrô.
Entretanto, para nossa surpresa, a Prefeitura definiu e anunciou no último dia 20 de maio, os prazos e valores da extensão do corredor BRT Transoeste, chamando de “lote zero” o trecho entre o Terminal Alvorada e o Jardim Oceânico, e alegando precisar dar definitivamente uma solução para a questão, visto o horizonte dos Jogos Olímpicos de 2016.
Posso afirmar que estaremos cometendo um equívoco. E não são poucas as informações e fatos que me levam a fazer essa afirmação. O BNDES, que esta financiando grande parte do trecho em construção da linha 4, me respondeu ofício alegando não ter recebido por parte do Estado o projeto de extensão da linha 4, não sendo, portanto, possível iniciar as formas de realizar novo financiamento para o trecho desejado, apesar do Governo Federal ter em caixa mais de 20 bilhões de reais disponíveis para projetos de mobilidade em todo o país.
A Prefeitura, ao optar por alocar 94 milhões no projeto do BRT, ignora a contribuição que poderia estar dando ao projeto do metrô, mesmo que historicamente ter sido o Estado o responsável pela ampliação do metropolitano. E ignora que apesar de mais caro na sua implantação, o metrô é um transporte limpo e não poluente.
No próximo dia 25, às 19h30, na sala de Vídeo do Marina Barra Clube, na Estrada da Barra nº 777, Barra da Tijuca, teremos uma excelente oportunidade para discutirmos os problemas que serão acarretados com a implantação do BRT Transoeste, ao invés do metrô, entre o Jardim Oceânico e o Terminal Alvorada.
Desde 2009 venho trabalhando para levar o metrô até o Terminal Alvorada, como estava previsto em seu traçado original. Devido à nossa mobilização, conseguimos, por duas vezes, suspender a licitação, a fim de incluir os seis quilômetros a mais, que chegariam ao Terminal Alvorada, beneficiando a Cidade, como um todo, em especial, aos moradores da Zona Oeste. A luta continua e é preciso continuar insistindo, mesmo quando achamos que a batalha já está perdida. Não desistirei.