Creio que as manifestações que ocorrem no Rio de Janeiro refletem uma legítima indignação da população com relação aos serviços públicos de baixa qualidade, aos altos impostos, à volta da inflação, ao transporte público precário, à falta de ética na política, às tentativas de enfraquecer as instituições de fiscalização, entre outras demandas.
Sendo assim, me parece justo que as pessoas ocupem as ruas e demonstrem seu descontentamento de forma democrática e tolerante.
Da mesma forma, deve-se repudiar tanto as atitudes de vandalismo como as reações policiais exageradas, não apenas pela lógica de ser contra a violência em uma cidade de cotidiano tão violento como Rio, mas também porque os confrontos em nada auxiliam o fortalecimento de nossas instituições e o aprofundamento de nossa cidadania participativa.
Portanto, torçamos para que os próximos protestos tragam, sem confrontos violentos, mais conscientização política, mais civismo e um maior debate público sobre os problemas do país, do estado e da cidade, o que pode e deve ser o grande legado deste momento de insatisfação dos cariocas.
Quanto às perspectivas para os próximos dias, é difícil realizar qualquer previsão concreta, afinal, uma mobilização horizontal que surgiu e cresceu de forma relativamente rápida pode avançar ou esmorecer dependendo dos novos fatos.