As veias poéticas de Carlos Drummond de Andrade na sua caminhada encontrando as pedras poderiam deslumbrar ainda mais com o que identifiquei nas minhas caminhadas na Ilha do Governador em uma situação que lembra as mais radicais visões surrealistas como uma pintura de Salvador Dali.
Em um misto de contribuição da natureza e certa leniência dos serviços públicos, nessa despretensiosa caminhada que fazia com meu filho Francisco, vi algo que custamos a acreditar e tivemos que nos aproximar para ver a realidade e até fotografar para os incrédulos que teríamos nessa crônica de cotidiano insulano.
Aqueles que moram no subúrbio já viram de tudo pendurado em fios! Desde as tradicionais pipas com suas rabiolas, as marimbas, os famosos “culhões de gato” até os pares de tênis velhos amarrados com seus cadarços para que lá fiquem ostentando a arte moleque do seu autor.
Talvez em lugar algum do mundo alguém, porém, tenha visto um tronco sendo empalado por um fio. Não estou falando em um simples galho ou um tronco caído aleatoriamente em cima de um fio, mas um fio que foi incorporado por um imenso pedaço de tronco e que somente história de pescadores poderiam comprovar a situação ou então nas fotografias, como as que eu tirei.
O mais certo é que esse fenômeno surgiu de alguma árvore ainda íntegra que com o tempo e com a arte de algum tipo de inseto, como marimbondo ou vespa criou uma estrutura física na mesma coloração da árvore, incorporando o fio e que durante o trabalho de poda o tronco recebeu a bela atividade artesanal, para não falar trapalhada, do artesão desatento em conseguir cortar o tronco sem que comprometesse o fio separando da árvore mãe e incorporando ao varal.
Ou seja, um eventual risco na operação de poda permitiu que o imenso tronco abraçasse o fio e ficasse ostentando essa visão impar e inacreditável e que marca bem o desleixo das diversas Concessionárias com a rede aérea em nossa Capital.
O hábito de caminhar observando detalhes superiores é um hábito que não sei se surge a partir de uma certa idade, mas se desenvolve um processo de percepção bacana, onde imagens podem ser vistas como essa na Avenida Magistério no Corredor Esportivo na Ilha do Governador e que certamente estarão sujeitos aos estudos da NASA já que são mais raras que o asteroides de “Não Olhe Para Cima”.
Valeu a matéria do tronco da arvore que incorporou o fio e na poda continuou presa ao fio pois o podador nem teve o trabalho de tirar… Dou este comentário para dizer que em frente a minha residencia aonteceu o mesma coisa a Prefeitura tirou a amendoera existente e deixou um pedaço da arvore grudada no fio…Em tempo:Parece piada mais outras berrações virão…